Mídia e educação – O Papel do Educador

MEDIA AND EDUCATION-THE EDUCATOR'S PAPEL

MEDIOS Y EDUCACIÓN: EL PAPEL DEL EDUCADOR

Autor

Denize Oliveira Dantas
ORIENTADOR
 Fábio Terra Júnior

URL do Artigo

https://iiscientific.com/artigos/D42AAA

DOI

Dantas, Denize Oliveira . Mídia e educação – O Papel do Educador. International Integralize Scientific. v 5, n 46, Abril/2025 ISSN/3085-654X

Resumo

A incorporação de mídias na educação, por meio de recursos diversificados como jornal escolar, rádio e cinema, enriquece significativamente o processo de ensino-aprendizagem ao oferecer experiências que vão além da sala de aula tradicional. Essa abordagem não só amplia a compreensão dos conteúdos, mas também promove o desenvolvimento de habilidades críticas e reflexivas, capacitando os alunos a se tornarem cidadãos conscientes e engajados. Ao integrar essas práticas, educadores e instituições favorecem um ambiente que estimula a criatividade, o debate e a interdisciplinaridade, fundamentais para a formação de indivíduos capazes de interpretar e transformar a realidade. Em um contexto global marcado pela influência crescente da mídia, é imperativo que o ensino contemple tanto a aquisição de conhecimentos acadêmicos quanto o desenvolvimento de competências que possibilitem aos estudantes serem protagonistas de suas histórias e agentes de mudança em suas comunidades.
Palavras-chave
Educação. Mídia. Criatividade. Metodologias Ativas

Summary

The incorporation of media into education, through diverse resources such as school newspapers, radio and cinema, significantly enriches the teaching-learning process by offering experiences that go beyond the traditional classroom. This approach not only broadens understanding of content, but also promotes the development of critical and reflective skills, enabling students to become conscious and engaged citizens. By integrating these practices, educators and institutions foster an environment that stimulates creativity, debate and interdisciplinarity, which are fundamental to the formation of individuals capable of interpreting and transforming reality. In a global context marked by the growing influence of the media, it is imperative that education contemplate both the acquisition of academic knowledge and the development of skills that enable students to be protagonists of their stories and agents of change in their communities.
Keywords
Education. Media. Creativity. Active Methodologies

Resumen

La incorporación de los medios de comunicación a la educación, a través de recursos diversos como periódicos escolares, radio y cine, enriquece significativamente el proceso de enseñanza-aprendizaje al ofrecer experiencias que van más allá del aula tradicional. Este enfoque no sólo amplía la comprensión del contenido, sino que también promueve el desarrollo de habilidades críticas y reflexivas, lo que permite a los estudiantes convertirse en ciudadanos conscientes y comprometidos. Al integrar estas prácticas, educadores e instituciones fomentan un ambiente que estimula la creatividad, el debate y la interdisciplinariedad, fundamentales para la formación de individuos capaces de interpretar y transformar la realidad. En un contexto global marcado por la creciente influencia de los medios de comunicación, es imperativo que la educación contemple tanto la adquisición de conocimientos académicos como el desarrollo de habilidades que permitan a los estudiantes ser protagonistas de sus historias y agentes de cambio en sus comunidades.
Palavras-clave
Educación. Medios de comunicação. Creatividad. Metodologias Activas

INTRODUÇÃO

A mídia exerce uma função essencial no âmbito educacional, atuando não apenas como veículo de transmissão de conhecimento, mas também como catalisador para o desenvolvimento do pensamento crítico e do engajamento discente. Este artigo propõe uma análise sobre a integração de diversas formas de mídia – especificamente o jornal escolar, a rádio escolar e o cinema, os quais podem ser incorporadas ao ambiente educacional a que essas ferramentas podem gerar impactos no aprendizado e na formação integral dos estudantes.

Abordando a mídia e educação como ferramenta pedagógica, ou seja, como educação para as mídias, com as mídias, sobre as mídias e pelas mídias. Entende-se por mídia educação, a formação para leitura crítica das mídias em geral, independentemente do suporte técnico (impresso, rádio, cinema, televisão) (Belloni, 2009).

Hoje a escola divide o papel de transmitir conhecimento com as mídias. Não podemos negar que os meios de comunicação têm influenciado muito nas vidas das pessoas, independente de classes sociais ou idade. A escola com o seu papel de educadora deve manter relações com as mídias e ensinar os seus educandos a usá-las de forma crítica e criativa.

Com as novas formas de tecnologia, podemos perceber os avanços em todos os espaços. Antes os livros e jornais já faziam isso muito bem, mas com novos equipamentos tudo mudou, principalmente a forma de comunicação. Hoje as notícias são transmitidas em tempo real. Um grande exemplo disso foram os ataques de onze de setembro, que diante da televisão milhares de pessoas ao redor do mundo assistiram o segundo avião se chocar com a segunda torre. É incrível a velocidade dos jornais em transmitir com tanta rapidez.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A mídia vai estabelecendo modos de ensinar a ser, atuando na formação do sujeito de forma tão ou mais decisiva que a escola, (Fischer, 2006). A mídia na educação tem seu papel importante, como, por exemplo, na formação do aluno para que ele seja um formador de opinião, tanto cultural como intelectual. Belloni (2005) ressalta que as tecnologias de informação e comunicação ao longo do século XX trouxeram uma série de mudanças, no dia a dia, as pessoas atualmente estão mergulhadas nas modernas tecnologias de comunicação e isto é um grande avanço para o campo da educação, tanto para intervir quanto para refletir. Segundo Belloni (2005), a mídia deve ser usada na escola por professores e alunos para juntos refletirem de que forma estão usando.

A IMPORTÂNCIA PARA EDUCAÇÃO

Para educação é importante a inserção da tecnologia usada mais como recurso, enriquecendo as aulas de forma mais lúdica, transformando o modo de ler e ver, para conhecer melhor. Ensinar o aluno a participar da vida social dentro ou fora da escola, usar como suportes para criatividades através de leitura das mais variadas, fazer pesquisas, se comunicar tanto na vida escolar como pessoal, buscando as suas necessidades e interesses. O aluno não mais recebe e ingere informações, mas interage com as mesmas, interfere no processo e questiona os conteúdos e conceitos. A mídia pode produzir situações de funcionamento da língua em tempo real e em situações reais.

JORNAL NA ESCOLA E O JORNAL ESCOLAR

Debate-se nesta parte a temática “Jornal na Escola e Jornal da Escola”, onde apresenta-se a importância desses recursos na prática pedagógica do educador, deixando claro a forma como os quais devem ser trabalhados em sala de aula.

Ao se falar do uso de jornais em aula é preciso entender que o mesmo consiste em muito mais que um simples instrumento do qual se pode utilizar para exemplificar algo aos alunos, ele constitui-se em um riquíssimo instrumento pedagógico, que leva o educando a ampliar seu vocabulário, praticar mais ativamente a leitura e principalmente, o leva a criticar o mundo que o cerca.

O jornal é uma ferramenta que deve ser utilizada cotidianamente no processo educativo, entretanto, atualmente seu uso está sendo muito mais requisitado. Para se entender esta afirmativa podem-se observar alguns números citados por José Péricles Diniz (2005). 

Segundo o SAEB de 2003 60% dos alunos da 4ª série do ensino fundamental não conseguem entender as notícias de um jornal, 64% das crianças do 1º ano do ensino fundamental não leem nem escrevem, em números mais gerais cerca de 73% dos alunos brasileiros saem da escola e não conseguem interpretar um texto. (Diniz, 2005)

Partindo destes dados entende-se que o jornal precisa rapidamente entrar no cenário escolar, contudo, suas notícias não devem ser apresentadas como verdadeiras por estarem em um jornal ou por terem sido escritas por um jornalista, pelo contrário, o professor deve aproveitar-se dessas notícias tidas como certas e incitar a dúvida, o debate, a pesquisa e a reflexão dos alunos, fazê-los entender de que se trata a notícia, questionar sua veracidade para poderem formar seu próprio conceito sobre a mesma. É preciso que professores se agarrem a uma proposta pedagógica que leve os alunos a traduzir, interpretar, criticar, entender de fato aquilo que leem. Aí se encontra o papel da escola atualmente, não apenas passar os conteúdos, mas ensinar os alunos a aprendê-los, estimular seu raciocínio. A partir daí entende-se com qual intuito o jornal impresso entra no cenário da educação, um grande veículo que vem estimular a leitura do mundo, a interpretação, o entendimento, a crítica, tão necessária a constituição de uma educação brasileira sólida, com alunos realmente alfabetizados, que leiam e interpretem.

Os PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) (1997) lembram que o professor deve fazer com que seus alunos dominem os conhecimentos que necessitam para se tornarem cidadãos participativos, críticos, independentes e conscientes. O jornal ajuda o professor a alcançar este objetivo porque mostra a realidade de uma sociedade, o aluno tendo acesso a essa informação pesquisa e entende de fato o que são aquelas notícias, dessa forma, entendendo o conceito ele reflete sobre o mesmo e forma sua opinião a respeito do tema, a partir daí passa a ser um cidadão consciente, crítico e atuante em sua sociedade. O aluno leu sobre o assunto, o entendeu, o interpretou, e construiu sua própria opinião.

Como já descrito acima, ao trazer jornais para sala de aula o educador deve fazer seus alunos criticarem as notícias impressas, e também mostrar aos educandos diferentes tipos de jornais com diferentes linguagens, diferentes abordagens e modelos, mostrar também uma foto e fazê-los perceber que a mesma pode conter diferentes interpretações dependendo do ponto de vista de quem a lê. É essa criticidade em relação às situações do dia a dia que estimula a cidadania, criando indivíduos bem informados, ativos, participativos e críticos.

É importante colocar também que com o jornal o ensino deixa de ser abstrato e passa a ser mais concreto. Pode-se exemplificar isso da seguinte maneira: Em uma aula de história em que o professor precisa explicar sobre política, ao invés de explicar somente com textos prontos, ele pode trazer diferentes reportagens sobre os conflitos políticos recentes no Egito, por exemplo. Assim o educador vai transformando o que o aluno lê em realidade através de uma simples matéria de jornal ou revista e isso pode ser feito com muitas outras disciplinas e conteúdos. No trabalho com os jornais o educador deve considerar também o jornal por inteiro, trazê-lo todo e não partes cortadas, o aluno deve saber da onde vem a notícia, quem a escreveu, etc. Como cita Agnes Augusto em seu texto:

Apresentar textos cortados, sem referências nem ilustrações – prática comum em livros didáticos, não é uma maneira eficaz de formar leitores de jornal. Maria Alice Faria, professora aposentada da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Assis, explica que o contexto da edição e da publicação traz informações importantes, que são ocultadas quando se destaca apenas um pedaço. “O professor deve levar jornais inteiros para a sala de aula, mesmo que antigos, pois nem todos os alunos têm acesso a ele ou intimidade com esse meio de comunicação, completa”. (Augusto, 2004)

Em outra temática, o Jornal Escolar, onde os alunos conhecem, entendem e redigem as notícias, se tornando verdadeiros repórteres, conhecendo inclusive os processos por quais as notícias passam até que cheguem à população.

A criação de um jornal da escola estimula a leitura e escrita dos alunos, como por exemplo, se os educandos tiveram de escrever sobre poluição, eles vão ter que ler diferentes publicações, entender de fato as questões ambientais para depois poder escrever em sua coluna, além disso, eles ainda terão que adequar a escrita ao público que irá ler o jornal, essa é uma etapa importantíssima, pois mostra aos alunos os diferentes tipos de linguagem que podem existir para uma mesma notícia. Esse projeto melhora a comunicação não só entre professor-aluno, aluno-aluno, mas também traz a comunidade para dentro da escola, transforma a metodologia do professor que por sua vez não deve cair no erro de valorizar apenas o produto final, ou seja, o jornal pronto, mas sim valorizar o desenvolvimento do tal produto, valorizar cada etapa, cada dúvida, erro e acerto, aí está o verdadeiro objetivo dessa atividade. O professor deve também manter-se em alerta para que o jornal não se torne uma cópia dos jornais que já existem em nossa sociedade, é preciso que se leve em conta as particularidades e as características locais da comunidade e dos próprios alunos, isso deve aparecer no jornal.

Desta forma, conclui-se que a educação atual de nosso país enfrenta sérios problemas como o alto número de estudantes que sabem ler, mas não interpretar, que não entendem o que leem, que não refletem sobre os textos e notícias em geral. Para sanar essa problemática entra em cena o professor, aquele que auxilia, ensina, forma o aluno e que para tanto precisa o tornar cidadão, crítico e consciente. Mas como o educador desenvolverá esse trabalho? Com qual instrumento? É nesse contexto que surge o jornal, ele vem como uma das ferramentas utilizadas pelo professor para solução desse problema, ou seja, o jornal entra nesse cenário para desenvolver a consciência reflexiva, de análise do aluno, o fazendo escrever melhor, ler mais, conhecendo mais para debater melhor, ampliando assim seu conhecimento de mundo, fazendo do aluno um ser participativo, consciente de sua realidade social, estimulando até mesmo sua criatividade, se formos pensar no trabalho de confecção de um jornal e não análise de outros prontos apenas.

Entretanto, tanto para trabalhar com jornais quanto para confeccionar um jornal escolar, exige do professor um esforço enorme, esse esforço encontra-se no seu planejamento. O professor deverá se desdobrar para desenvolver um planejamento que atinja tais objetivos. “Como utilizar esse material, quais procedimentos seguir?” São as perguntas mais frequentes, aí entra a questão da formação docente, é preciso também capacitá-los para que eles saibam desenvolver esse trabalho com seus alunos.

RÁDIO

O rádio é um veículo de grande atuação social. Através desta mídia, pessoas das mais diferentes classes sociais, níveis intelectuais, religiões e outras diferenças sociais, têm acesso à informação e entretenimento. É sem dúvida um veículo democrático e tem um papel importante na transmissão de conhecimentos.

As características da rádio como meio de comunicação de massa fazendo com que seja especialmente adequada para a transmissão da informação, podendo esta ser considerada a sua função principal: ela tem condições de transmitir a informação com mais rapidez do que qualquer outro meio. Ainda hoje, o rádio é considerado um dos meios de comunicação de maior importância na prestação de serviços. Para manifestar problemas e apresentar sua cultura, muitas comunidades que não têm acesso a outras mídias vêm recorrendo ao rádio. Muitas vezes é o único a levar a informação para populações de vastas regiões que ainda hoje não têm acesso a outros meios, seja por motivos geográficos, econômicos ou culturais.

RÁDIO ESCOLAR

Frente a tantos meios mais modernos de comunicação, como a televisão e a internet, o rádio acaba sendo encarado como antigo, principalmente por que hoje os rádios comerciais se renderam ao fenômeno da simples reprodução de músicas, não aproveitando suas características. Muitos subestimam a simplicidade e popularidade do rádio, mas o que pouco se sabe é que este pode ser um eficiente mecanismo de acesso à educação, ele só precisa ser redescoberto, valorizado, e suas funções redimensionadas. Ele representa um instrumento muito rico em possibilidades pedagógicas.

Rádio escolar, diz respeito à utilização dos recursos da mídia rádio, juntamente com o desenvolvimento de um projeto educativo dentro do espaço escolar. Através da ação de criar um programa de rádio, professores e alunos passam da condição de consumidores para produtores de mídia. Isso permite que ambos exercitem um olhar crítico em relação aos conteúdos introduzidos pelas diversas mídias.

Porém, proposta de uma rádio escolar, deve ir além de criar momentos de entretenimento e lazer na hora do recreio, tocar músicas ou dizer recadinhos aos colegas, como também a ideia não é a de formar pequenos radialistas. Uma rádio escolar deve construir uma proposta de cidadania engajando os alunos em projetos de colaboração para a melhoria das relações entre as pessoas, que discutam questões ligadas à construção do projeto de vida, como sexualidade, saúde, meio ambiente, preconceito e outras.

Um dos grandes problemas do ensino-aprendizagem é a má comunicação entre escola e aluno, utilizar estratégia de comunicação de rádio pode ampliar a possibilidade de melhora. A utilização de recursos de áudio na escola proporcionará muitas vantagens, pois facilitará a transmissão de conhecimento, poderá ocorrer uma adaptação de processos educativos com o uso do rádio, o aluno poderá mostrar sua capacidade criativa, trabalhar em equipe e mostrar seu talento. O rádio inserido no processo ensino-aprendizagem contribui para a entrada do conhecimento com novos estilos, formatos, linguagens, história de vida e tudo que a criatividade permitir. O uso do rádio escolar constitui-se numa modalidade que possibilita a toda a comunidade escolar a oportunidade de analisar, com critérios objetivos e através de um contato real com um meio de comunicação, a grande quantidade de informações que se recebe diariamente dos meios massivos.

Desta forma, para criar uma rádio escola um dos primeiros passos, além de decidir o nome da rádio, é construir um projeto que esteja vinculado ao projeto pedagógico da escola. O projeto deve contemplar os objetivos da rádio, a divisão de responsabilidades e que tipo de programação será veiculada. Para definir o formato da programação é preciso decidir se os programas serão noticiários, musicais, humorísticos, educativos, e distribuí-los ao longo do tempo que a rádio estará no ar.

RÁDIO NA ESCOLA

A utilização do rádio na escola, mais especificamente na sala de aula, serve como um elemento motivador da aprendizagem. Isso porque alguns educadores vêm reconhecendo que o ensino não pode mais se restringir ao uso de recursos como giz e o quadro-negro. Também, o professor não é mais visto como o “dono do saber” aquilo que tudo sabe e prescreve o saber aos alunos, agora o ensino está voltado à pesquisa e a valorização da prática pedagógica, o aluno deixa de ser o agente passivo e passa a ser o agente ativo da aprendizagem. Assim o rádio passa a ser bem visto em sala de aula, acredita-se que essa mídia pode contribuir para o processo de ensino aprendizagem.

Os aspectos radiofônicos são compostos por sons e palavras que dão asas à imaginação. Ademais, ele pode ter um diferencial, que é o âmbito do sentido. Esse diferencial seria uma mistura de teorias e sensações que torna o rádio um ótimo instrumento para professores interessados no ato de se comunicar com fins educativos. O rádio possui características importantes que não podem ser desprezadas na elaboração do conhecimento, como a sensorialidade que dá vazão a imaginação e exerce relação emocional nos diálogos, a dinâmica pela rapidez na produção de conteúdos e instantaneidade das mensagens, o baixo custo que transformam o rádio num veículo rápido e acessível e a visibilidade que permite a audição das mensagens sem impedir a realização de outras atividades. Além disso, usar o rádio como uma ferramenta em sala de aula, é um método eficaz, pois aguça a criatividade dos alunos, sem esquecer que o áudio é capaz de estimular as pessoas à leitura, pois o ouvinte às vezes busca as referências dos conteúdos no texto impresso, o que garante perenidade da informação.

Para a execução dessa união entre o áudio e o material impresso, é necessário o público escolar ter contato com a produção radiofônica. Ou seja, criar roteiros para suportes sonoros, confeccionar cenários através das trilhas de efeitos, buscar o texto impresso como referência ao conteúdo sonoro em questão, etc. E para a efetivação desse processo, é necessário criar peças sonoras de acordo com o plano pedagógico da disciplina em questão, apresentar os conteúdos produzidos em sala de aula, discutindo os significados do áudio, preparar novos conteúdos a partir de divulgação dos itens básicos para sua construção, através da montagem do roteiro, gravação, edição e finalização da áudio-aula e audição da áudio-aula, avaliando a qualidade quanto à percepção da mensagem.

Portanto, essa experiência sonora a ser desenvolvida em classe torna a aula mais democrática, solidária e dinâmica, e contribui para o desenvolvimento de habilidades como, capacidade de síntese, de raciocínio, de verbalização das ideias, etc. Dessa forma, o rádio na escola amplia a possibilidade de melhoria da qualidade de comunicação e auxilia no processo de transmissão de conhecimento.

O CINEMA E A EDUCAÇÃO

O cinema pode servir como instrumento para a educação, contribuindo diretamente no aprendizado nas áreas cognitivas, sociais e psicológicas. Além de seus benefícios pedagógicos, não se deve desconsiderar sua importância como objeto cultural.

A produção cinematográfica surgiu como meio educador na década de 30, com destaque na década de 60, através das revistas Cahiers du Cinéma e Screen, onde tratavam sobre a opinião dos autores em relação aos sistemas de significação. O cineforum por sua vez, enfatizava filmes com o objetivo de direcionar seu público ao cinema educativo.

O “modelo ecológico” da mídia-educação nos sugere uma integração entre educação e os meios e tecnologias disponíveis como: computador, cinema, TV, etc. Desta maneira, a intenção desse modelo é uma ampliação dos modos de uso das tecnologias em laboratórios, para que estas não estejam limitadas, todavia que sejam construtoras de significações. A mediação entre a educação e as tecnologias de informação deve garantir ou recuperar o conjunto: gesto, corpo, voz, postura, movimento e etc.

Nessa relação cinema-educação, texto e contexto se intercruzam e o texto fílmico será um “dispositivo que opera a partir de uma rede de saberes sociais”. (Eugeni,1999, p.7). Deste modo, existem duas possibilidades de compreensão desses saberes onde os mesmos podem ter valor de saber-objeto, em relação aos conhecimentos, e saber-instrumento, quando dizem respeito às competências.

No âmbito do cinema-educação, vários autores defendem a inclusão do cinema na educação, por representar um “agente de socialização” que possibilita a interação entre as pessoas e elas mesmas, as pessoas e o local de apresentação, e as pessoas com os filmes. “O cinema é capaz de restituir o visível da realidade sociocultural no momento em que é produzido, e isso o constitui como extraordinário documento para o estudo dos momentos relevantes da história recente ressalta” Rivoltella (In: Fantin, s.d, p.5). Por intermédio do cinema pode ser revelado o cotidiano de uma cultura, sendo esta expressada pelo mesmo de uma maneira que pode ser denominada de real. Na escola pode-se utilizar o cinema como ferramenta atrativa para os estudos, pois por meio deste os alunos relacionam as cenas observadas com a sua realidade.

Historicamente o marco da relação cinema e educação foram à utilização desse meio como apenas um recurso audiovisual, ou seja, não levando em conta seu valor sociocultural. O cinema amplia a relação entre o sujeito e sua própria cultura e seus valores. No inicio do século XIX o Brasil tinha a visão de que o cinema servia apenas como tema de publicação em análises e comentários, já no século XX especialistas como intelectuais, políticos, educadores e cineastas cogitavam a ideia de relacionar o cinema com a educação.

Em outra perspectiva o cinema pode ser abordado como objeto temático, sendo utilizado como base para discursões de filmes, ou seja, onde é trabalhada a crítica sobre o filme. Outra abordagem seria a produção de filmes, estimulando a criatividade dos alunos e o raciocínio dos mesmos. Tais pressupostos baseiam-se na prática da “livre expressão”, ou seja, o aluno tem liberdade para formar sua própria produção.

O uso da tecnologia no meio escolar ainda é posto como algo distante da realidade, pois apesar do desenvolvimento da tecnologia e o baixo custo dos equipamentos, tais ferramentas encontram-se fora do alcance dos alunos. Todavia esta questão é contraditória, pois não corresponde à realidade dos alunos.

Com o cinema é valorizada a ideia do “fazer para aprender” em relação a essa questão surge à ideia de construir uma sala de aula-laboratório, para criar experimentação de oficinas onde serão trabalhadas as expressões que proponham jornais e tipografia escolares inspiradas na mídia-educação. No sentido cooperativo o cinema em sala de aula ou “sala-laboratório” insere-se na questão disciplinar no trabalho escolar, não se limitando às regras de organização, mas às questões das diferentes possibilidades de elaboração de um trabalho.

Para produção cinematográfica na escola é necessário que haja uma organização, que deve ser obrigatoriamente coletiva e cooperativa sendo coordenada pelo professor. Tal produção deve se basear na construção a partir da percepção das necessidades do grupo, das matérias aplicadas em sala e dos objetivos educacionais. A construção do filme feito em sala se dá por meio do aprendizado adquirido pelo aluno ao longo de sua trajetória escolar, podendo ser utilizado como uma contribuição para a ampliação dos conhecimentos existentes na área, com as experiências vividas pelo professor e pelo aluno.

Contudo, pode-se considerar o cinema tanto como instrumento, como um objeto de complemento na aprendizagem do aluno, sendo ele o estimulador da capacidade crítica, criadora, além de influenciar na produção e na análise dos textos cinematográficos.

EDUCAÇÃO MIDIÁTICA: ALFABETIZAÇÃO CRÍTICA DA MÍDIA

O advento das novas tecnologias da Comunicação proporcionou múltiplas mudanças na sociedade, tornando-a cada vez mais mediada e dominada por meios de comunicação. Esses meios são controlados pelo governo e empresas que visam o próprio lucro e o interesse hegemônico. Beverle Houston (1984) afirma que o fluxo da mídia mobiliza o desejo e o consumo, no sentido em que as interrupções estruturadas intensificam o desejo pelo consumo ilimitado. Essas modificações ocorridas na sociedade, no mundo, têm influenciado a forma de pensar, ouvir, ver e ler de cada indivíduo, além de exercer influência na reestruturação do meio social. Todavia, foi a partir dessas inovações que o sujeito começou a ter acesso à informação local e global e, a utilizar as TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação).

Com essa difusão das tecnologias surgiu a necessidade de se pensar criticamente sobre as informações que chegam até nós e que são mediadas pela televisão, rádio, internet e jornal.

De onde vêm as informações? São totalmente verdadeiras ou redesenhadas? Qual público alvo? Como elas afetam a formação do sujeito? São baseadas em quê interesse, da audiência ou do lucro? Mas do que nunca o sujeito, principalmente as crianças, precisa formar a capacidade de questionar essas mensagens, as relações entre a mídia e o indivíduo. Com isso demonstra a necessidade de modificar as práticas da alfabetização, constituindo uma educação midiática baseada na alfabetização crítica da mídia.

Essa educação midiática visa assegurar os sujeitos das manipulações da mídia: o consumismo, a dependência, a destruição de valores humanos, o poder, o modo de se vestir e de pensar. Não só os sujeitos mais também assegurar a educação, como afirma Neil Postman (1985) que a TV detém o poder de controlar a educação porque ela domina a atenção, o tempo e os hábitos cognitivos dos jovens. O outro objetivo dessa educação seria oferecer aos alunos uma educação em arte midiática, onde aprenderiam a valorizarem as qualidades estéticas da mídia e das artes, produzindo suas criatividades para se expressarem. Esse programa existe em algumas instituições educacionais e cursos comunitários que trabalham com a arte e a mídia. Porém, na maioria dos programas o aluno adquiri capacidade técnica só para reproduzir as representações da mídia, sem poder criticá-las e recriá-las. A educação em arte midiática pode trazer prazer e cultura popular para a educação corrente, tornando a escola, assim, mais motivadora e relevante para os alunos (Kellner, D; Share, J; 2008). Outra abordagem dessa educação seria no movimento de alfabetização midiática nos EUA. Ele favoreceu pequenos avanços em algumas escolas americanas e estabeleceu associações nacionais no país, segundo Kellner e Share (2008) aliança para uma América Midiaticamente Alfabetizada, uma das associações que redigiu este trecho diz que considera-se que a alfabetização midiática consiste de uma série de competências comunicativas, incluindo as habilidades de acessar, analisar, avaliar e comunicar. Esse trecho mostra a importância da alfabetização associada à cultura popular e as formas de mídia (vídeo, música, internet etc.) e a possibilidade dos jovens se tornarem produtores e avaliadores da sociedade.

Para que se concretize uma boa pedagogia midiática é preciso executar a alfabetização crítica da mídia. Ela realizará, em sala de aula, atividades pautadas em arte na mídia, esclarecimentos de textos e leituras críticas da mídia, discussão a respeito de como o sujeito recebe as informações, produção de mídias que englobem questões sobre gêneros, racismo, preconceitos, etnia e poder. E o manuseio dos instrumentos tecnológicos para a própria produção do aluno.

Essa alfabetização é considerada uma pedagogia crítica, não pedagogia tradicional. Sua abordagem democrática sofre influências das ideias dos educadores John Dewey e Paulo Freire. Dewey defende um ensino democrático e da ênfase a leitura ativa, solução de problemas e a experiência do educando, onde se relaciona a teoria à prática. Freire propõe uma pedagogia de problematização, constituindo uma consciência crítica e uma comunicação dialógica entre alunos e professores, aprendendo uns com os outros. Ou seja, segundo Luke (1997), esse ensino deve ser um projeto participativo, onde professores e alunos promovam discussões, partilham o poder, assistam a shows ou filmes juntos, em que as opiniões do aluno sejam consideradas. Os educadores devem orientar seus aprendizes a questionarem questões que afetem a eles e à sociedade, permitindo a observação de gênero, raça e classe.

O projeto de democracia radical associado à alfabetização busca desenvolver habilidades que proporcionem a democratização e a participação na sociedade, além de promover a independência e a interdependência, sujeito ativo nos problemas sociais e contra a opressão. Para isso é importante a produção de mídia para que essa participação na sociedade aconteça. Alguns programas extracurriculares possibilitam o aprendizado de produção de vídeos, artes digitais, criação de web sites e dentre outras habilidades. Os alunos, ao produzirem suas próprias mídias, deixam de ser objetos de representações para terem poder de contar suas próprias histórias expressando seus interesses. É necessário que os programas os valorizem e se envolvam como participantes ativos na solução de problemas comunitários e como parceiros totais em seu próprio aprendizado e crescimento (Goodman, 2003).

Portanto, essa reelaboração da alfabetização, que já caminha nos Estados Unidos, deve ser instaurada como base na nossa educação midiática, segundo Kellner e Share (ANO), desde a pré-escola à universidade junto com programas de educação midiática. Esses programas devem conduzir a constituição do pensamento crítico do aluno sobre a mídia e as informações que chegam a eles, usando novas ferramentas tecnológicas de informação e comunicação, criando suas próprias representações, formando-se num indivíduo informado, crítico, participante e letrado midiáticos na sociedade.

Para que se consigam esses avanços, os problemas educacionais precisam ser solucionados: formação de professores, recursos financeiros, infraestrutura das escolas e políticas educativas. Os professores precisam ser formados na pedagogia crítica, tornando-se criativos, buscando cursos de formação nos estudos culturais e nos conceitos da alfabetização crítica. A tarefa deste projeto é reestrutura a sociedade em um meio mais democrático e menos opressivo, que só será possível a partir da ação do sujeito crítico sobre ela, formado pela educação midiática baseada na alfabetização crítica da mídia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo permite concluir que a mídia desempenha um papel fundamental na educação ao transmitir conhecimento e abranger diversas tecnologias de informação, entre as quais se destaca o jornal. Este, por sua vez, deve ser introduzido nas escolas de maneira a estimular o pensamento crítico e incentivar o debate. Além disso, é essencial considerar a criação de um jornal escolar em colaboração com os alunos, permitindo que eles desenvolvam habilidades de leitura, escrita, entre outras.

Deste modo entende-se que, as tecnologias da informação e comunicação, como jornal, rádio, cinema, inseridas na instituição escolar proporcionam conhecimento de duas maneiras: em uma ela auxilia na aula do professor, na outra ela é usada para desenvolver o pensamento crítico do aluno sobre a mídia.

A integração da mídia na educação, por meio de ferramentas como o jornal escolar, a rádio escolar e o cinema, enriquece o processo de ensino e aprendizagem e prepara os alunos para atuarem de forma crítica e consciente na sociedade. É fundamental que educadores e instituições de ensino reconheçam e valorizem essas abordagens, promovendo um ambiente que estimule a criatividade, o debate e a reflexão. Em um mundo cada vez mais mediado, é imprescindível que os estudantes desenvolvam não apenas habilidades acadêmicas, mas também competências que os transformem em protagonistas de suas histórias e realidades. Portanto, a adoção das mídias na educação é um passo essencial para formar cidadãos plenamente engajados e conscientes de seu papel no mundo contemporâneo.

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da educação. Educ.Soc; Campinas, vol. 29, n 104 – Especial p.687-715, out. 2008.

Dantas, Denize Oliveira . Mídia e educação – O Papel do Educador.International Integralize Scientific. v 5, n 46, Abril/2025 ISSN/3085-654X

Referencias

BAILEY, C. J.; LEE, J. H.
Management of chlamydial infections: A comprehensive review.
Clinical infectious diseases.
v. 67
n. 7
p. 1208-1216,
2021.
Disponível em: https://academic.oup.com/cid/article/67/7/1208/6141108.
Acesso em: 2024-09-03.

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Edição

v. 5
n. 46
Mídia e educação – O Papel do Educador

Área do Conhecimento

Interação professor-aluno e tecnologias: Um novo olhar para o ensino da matemática
relação; tecnologia; aluno; professor; matemática.
Inovação na educação: Capacitação tecnológica para professores do século XXI
formação docente; tecnologias educacionais; cultura digital.
Os impactos da inteligência artificial para o âmbito científico
inteligência artificial; âmbito científico; impactos.
Tecnologias digitais no ensino médio
tecnologia digital; educação.
Letramentos plurimodais e cibercultura na escola pública: Perspectivas críticas em práticas de letramento digital.
letramento expandido; cibercultura; letramento digital; escola pública; educação complementar.
Cultura digital e práticas de letramento em rede: A produção de memes por alunos do ensino fundamental no contraturno escolar
memes; multiletramentos; letramento digital; cibercultura; juventudes periféricas.

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