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Resumo
INTRODUÇÃO
A presente pesquisa trata sobre a importância social da cidade de Mossoró, no período de 2005 a 2025, para o estado do Rio Grande Norte, objetivando tratar das características do referido município localizado na região Nordeste, caracterizando seu potencial de crescimento econômico, social e cultural. Essas abordagens pretendem dar ênfase a uma cidade de grande potencial, sua resistência ao longo da história e a liberdade do seu povo.
Mossoró, inicialmente, tornou-se conhecida, em 13 de junho de 1927, segundo Marcílio Lima Falcão (2012), como a terra da resistência, meio estratégico de manutenção do poder da família Rosado (1970-2007).
O Prefeito Rodolfo Fernandes liderou uma equipe que expulsou o cangaceiro de nome Virgulino Ferreira da Silva, de alcunha “Lampião”, obrigando-o a se retirar, juntamente com seu bando, no ano de 1970 das terras mossoroenses. Iniciou-se, então, a valorização das comemorações da Resistência Mossoroense e a inserção desse acontecimento aos projetos de desenvolvimento do turismo no Rio Grande do Norte.
Algumas apresentações artísticas seguem representando esse marco histórico em todo o estado, como a configuração do Grupo Folclórico Boi Calemba, da Paraíba, apresentação de duplas de cantadores da Associação de Cantadores e Violeiros de Mossoró, exposição do desenhista natalense Eliphos Leví Bulhões e apresentação do Espetáculo da Resistência (Nonato, 2005, p. 23). Destaque também para o grande espetáculo intitulado “Chuva de bala no país de Mossoró”, realizado por artistas mossoroenses.
Com base nas informações supracitadas e como forma de destacar a importância sociocultural da cidade de Mossoró, desenvolver-se-á uma pesquisa bibliográfica baseada em autores nordestinos cujo objetivo é apresentar a marcante história dessa cidade e do seu povo como símbolo de resistência, superação e determinação em busca de liberdade na sua forma mais ampla.
REFERENCIAL TEÓRICO
Neste capítulo, será exposta as principais mudanças e evolução da cidade de Mossoró ao longo de duas décadas, desde os primeiros movimentos em relação a sua criação em 1842 até alcançar sua atual formação, destacando pontos culturais e sociais de relevância para o município em análise.
MOSSORÓ: MUDANÇAS E EVOLUÇÃO AO LONGO DE DUAS DÉCADAS: 2005 A 2025
De acordo com o pesquisador potiguar Luiz Câmara Cascudo (1975, pág. 35), por volta de 1600, aconteceram os primeiros passos em áreas que hoje são nomeadas de Mossoró. Cartas e documentos da época falavam sobre o encontro de salinas que foram exploradas pelos holandeses Gedeon Morris de Jonge e Elbert Smiente no período de 1600 até 1644. Em 27 de outubro de 1842 foi criado o distrito de Mossoró. Ainda de acordo Cascudo (1975), através da resolução provincial de número 87, em março de 1852, o distrito foi elevado à categoria de vila e tornou-se cidade somente em 9 de novembro de 1870, até alcançar a atual formação, com aproximadamente três mil quilômetros quadrados.
Essa cidade passou por diversas mudanças, incorporando e desmembrando territórios. Hoje as cidades de Assu, Governador Dix-Sept Rosado e Baraúna não pertencem mais ao território mossoroense.
Abaixo, apresenta-se uma visualização da igreja de Santa Luzia em 1772, suas pequenas ruas e também os contornos do Rio Mossoró. Já na figura 2, exposta logo em seguida, a mesma Igreja de Santa Luzia, hoje intitulada de Catedral, e mostra a mudança em seu entorno ao longo dos anos.
Figura 1 – Mossoró em 1772
Fonte: Silva (1975, p.9).
Figura 2: – Mossoró em 2025
Fonte: Diocese de Mossoró
Da pequena província à segunda maior cidade do Estado do Rio grande do Norte, atrás apenas da Capital Natal, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), entre 2000 e 2010, registrou que a população de Mossoró teve uma média de crescimento anual de 1,97%, registrando em 2010 o total de 259.815 mil habitantes. Em 2012, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) certificou mais crescimento populacional da cidade sinalizando um quantitativo de 266.758 habitantes. Com base nas pesquisas realizadas em 2022, a população passou para 264.577 habitantes, registrando mais um aumento populacional, chegando até a última pesquisa realizada em 2024 a uma população de 278.034 habitantes.
Em vista todo crescimento populacional da cidade, não se pode deixar de enfatizar a educação do Município, que apresenta uma taxa de escolarização, entre as idades de 6 a 14 anos de idade, de 97,7%. Em relação a outros municípios do estado, esse município se posiciona na colocação 85 de 167. Consoante o IDEB do ano de 2023, os anos iniciais do ensino fundamental na rede pública era de 5,5 e para os anos finais de 3,8, destacando-se no cenário Nacional como um dos maiores crescimentos educacionais do País.
A ECONOMIA E SUA IMPORTÂNCIA
No que diz respeito à economia mossoroense, esse município se destaca com uma das cidades de médio porte brasileiras mais atraentes para investimentos, motivo pelo qual tem vivenciado intenso crescimento econômico e infraestrutura, fato que viabiliza grandes contratos e atrai grandes negócios. Conhecida como a “Terra do sol, do sal e do petróleo” na qual ganhou visibilidade a nível nacional, sendo uma cidade com muita diversidade econômica, não concentra seu pólo econômico apenas em um único segmento. Destaca-se a fruticultura irrigada, a indústria, o comércio, o turismo, o setor de serviços e a construção civil.
Possui em seu favor a localização, tendo em vista que faz divisa com o Estado do Ceará ao norte, o município de Grossos ao sul, juntamente com os municípios de Governador Dix-Sept Rosado e Upanema, ao leste Areia Branca e Serra do Mel e a oeste Baraúna. Sua localização geográfica facilita a rota comercial e a comercialização de produtos.
A fruticultura irrigada é um dos segmentos econômicos de maior destaque no município. O melão é o carro chefe dos itens de exportação. A cidade também apresenta a maior feira do Brasil e da américa latina, intitulada de Exporfruit. Essa feira, de importante relevância econômica, geralmente é realizada na Estação das Artes Eliseu Ventania, espaço de acomodação de grandes eventos, e sua próxima edição está agendada para o período de 20 a 22 de agosto de 2025.
O setor industrial de Mossoró tem grande visibilidade no estado. Além de fazer parte da rota comercial Fortaleza-Natal, possui ressalte para a produção de cimento, cerâmica, têxteis, confecção e artigos para turismo, sendo ainda a maior fabricante de sal do país e a maior produtora de petróleo em terra. Na área comercial, o município em foco se sobressai por seu evento mais importante economicamente e financeiramente falando: o “Mossoró Cidade Junina”, um evento que acontece durante o mês de junho inteiro. Festas e eventos culturais que fortalecem o comércio, o turismo e a economia local.
O “Mossoró Cidade Junina” mantém viva a tradição da cultura junina e é caracterizado como o maior evento do Rio Grande do Norte, que atraiu no ano de 2024 em torno de 2 milhões de pessoas durante os trinta dias de festas. Em um único dia, no evento chamado “pingo da mei dia”, festa que dá início aos festejos juninos, contabilizou em torno 230 mil pessoas, segundo dados expostos pelo site oficial da prefeitura de Mossoró. Essa festividade conta com eventos culturais, apresentações religiosas, shows de humor e atrações teatrais, como o “Chuva de bala no País de Mossoró”, que conta a história da invasão e expulsão do bando de Lampião da cidade.
Ao fazer ressalva de todo esse contexto cultural, enfatiza-se o PIB (Produto Interno Bruto), do ano de 2021, de R$26.570,03 ocupando a posição de número 23 entre 167 outros municípios do estado. Já no ano de 2023, ocupou 68,77% em receitas externas, mostrando sua importância econômica e sua relevância social perante o Estado do Rio Grande do Norte.
MOSSORÓ: ACOLHIDA AO POVO VENEZUELANO
O título de “Terra da Liberdade” que o município de Mossoró recebeu se dá devido ao evento ocorrido em 30 de setembro de 1883. O site oficial da Prefeitura de Mossoró, o qual conta a história desta, infere que foi libertado os afrodescendentes que se encontravam em situação de escravização e pediam refúgio no município. Diante disso, tornou-se a primeira cidade do Rio Grande do Norte e uma das primeiras do Brasil, a libertar esse povo que chegara em busca de liberdade.
Durante o ano de 2019, especificamente no mês de agosto, aconteceu a chegada e permanência migratória, desta vez não mais por escravos em busca de trabalho, de 109 (indígenas da etnia Warao e não indígenas), oriundos da Venezuela em razão da crise econômica e política do país, dentre outras situações de ordem social que afetaram a população. Em terras potiguares, se depararam com outros tipos de desafios como condições básicas de sobrevivência.
Chegaram a Mossoró por meio de um acordo firmado entre a ACNUR – Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados e o Lar da Criança Pobre, instituição filantrópica muito conhecida no município pelo trabalho desenvolvido junto à população que apresenta vulnerabilidade social. Inicialmente, foram acolhidas mais de 10 famílias. Por um período de 1 ano, esse acolhimento consistia na oferta de moradia, alimentação, inclusão em escola e intermediação para acesso a emprego. No fim desse prazo, esperava-se que os imigrantes estivessem inseridos no mercado de trabalho. Porém, diante da crise sanitária provocada pela pandemia do Coronavírus, além de outros fatores, encerrou-se o prazo em 2020 e mesmo com fim do acordo muitos imigrantes venezuelanos permaneceram na cidade, ainda mantendo a perspectiva inicial de mudança de vida.
Por se tratar de uma cidade distante de fronteiras internacionais, a cidade não dispõe de legislação sobre imigração, mesmo assim assumiu um papel social de relevância ímpar no tocante a situação delicada em que se encontravam os venezuelanos. Esse ato acolhedor que foi oferecido a esses refugiados explicita a força e significância social que o município de Mossoró desempenhou na ajuda humanitária a esse povo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa de cunho bibliográfico fez-se necessário devido a importância histórica, econômica e social que o Município de Mossoró representou e desenvolveu ao longo de sua trajetória, demonstrando sua importância em todo cenário potiguar, desde o surgimento da vila em torno do rio Mossoró até os dias atuais. A cidade de quase 300 mil habitantes, neste período de duas décadas de sua trajetória (2005 a 2025), reafirma sua relevância para todo Nordeste, contemplando os objetivos propostos que se refere ao despertar em seus vários cenários, povo destemido e que reflete sua importância e responsabilidade social para o povo do Rio Grande do Norte.
Com grande expansão, Mossoró se apresenta como um berço da cultura nordestina, fortalecendo as raízes e trazendo modernidade ao cenário tradicional, sempre inovando sem perder a tradicionalidade de seu povo, tendo a visão de compreender a cidade que se apresenta hoje. Foi necessário rever um pouco da história, que retrata a evolução municipal desde seu surgimento até a sua evolução, que segue em ascensão e que promove Mossoró regionalmente, tendo suas atividades econômicas como referência em seu desenvolvimento.
Intitulada como terra do sol, do sal e da Liberdade, o sol por ser um lugar de temperatura sempre acima dos 30ºc, o sal sempre abundante e trazendo riquezas para esse povo, e a liberdade por ser a primeira cidade no Brasil a libertar o povo escravizado, o município mantém-se firme no caminho em busca de mais crescimento, de modo a contribuir de forma significativa no tocante a desbravar novos desafios, seu potencial de crescimento econômico, social e cultural no aporte das demandas Potiguares.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASCUDO, Luís da Câmara. Notas e Documentos para a História de Mossoró. Mossoró: Editora do Autor. 1955. Série A. v. 2. – Coleção Mossoroense. _____________. Flor dos Romances Trágicos. Natal: Editora do autor.
FALCÃO, Marcílio Lima. No país de Mossoró: a memória de Mossoró, cidade da resistência como estratégia de manutenção do poder da família rosado (1970-2007). Anais do III Seminário Internacional História e Historiografia. X Seminário de Pesquisa do Departamento de História – UFC Fortaleza, 01 a 03 de outubro de 2012.
FELIPE, José Lacerda Alves. Memória e imaginário político na (re)invenção do lugar – os Rosados e o “País de Mossoró”. 184f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro– Instituto de Geociências, Programa de Pós-Graduação em Geografia, Rio de Janeiro, 2000. p. 147.
FERNANDES, Raul. A Marcha de Lampião: Assalto a Mossoró. 6ª ed. Mossoró: Fundação Vingt-Un Rosado. v. 1488. Série C, 2005. p. 143. – Coleção Mossoroense.
_________________ Gente a favor de Mossoró. Natal: Fundação José Augusto, 1976. (Coleção Mossoroense, 36, Série C).
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo demográfico 2012: população residente. Mossoró: IBGE 2012. Disponível em https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rn/mossoro/panorama. Acesso em: 03 março 2025.
NONATO, Raimundo. Lampião em Mossoró. 6ª ed. Mossoró. Fundação Vingt-Un Rosado. v. 1489. Série C, 2005. Coleção Mossoroense.
ROCHA, Aristotelina Pereira Barreto. Expansão urbana de Mossoró (período de 1980 a 2004): geografia dinâmica e reestruturação do território / Aristotelina Pereira Barreto Rocha. – Natal, RN: EDUFRN Editora da UFRN, 2005.f. 292.
SMDSJ, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Juventude. Plano de Ação para atendimento de Imigrantes-Mossoró, RN, agosto 2020.
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