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Resumo
INTRODUÇÃO
As várias teorias levantadas pelos estudiosos da educação apontam para fatos que ao parecer são os responsáveis pela adaptação do aluno ao aprendizado que se requer dele, no entanto sabe-se que a diferença entre as pessoas têm a capacidade de mostrar que esses estudos podem se adequar a alguns e a outros não. Nesse caso banalizar e igualar pode ser um problema a mais.
O que não se pode negar é a importância desses estudos como ponto de partida comparativo para a compreensão dos problemas relacionados ao ensino e como tirar proveito visando o avanço da aprendizagem escolar. A educação impõe limites a serem atingidos e que fazem parte do processo ensino/aprendizagem como forma de avaliar possíveis mudanças no sistema, mas mesmo com essas mudanças não os atingindo. De quem é a culpa no final?
No estágio atual pode-se se afirmar que é o aluno, pois a aprendizagem é vista claramente como uma relação bilateral, tanto de quem ensina, como de quem aprende, mas mesmo tendo essa visão relacional escola e aluno, o fracasso sempre é legado ao aluno, afinal ele é o único a pagar o preço.
O fracasso apresentado por esses alunos acaba servindo de abertura para os mais variados estudos os quais acabam levantando uma série de situações como maneira de explicar esse ponto falho, surgindo então as tais dificuldades de aprendizagem.
Assim edificam-se as várias nomenclaturas para as dificuldades tais como: TDAH (Transtorno e Déficit de Atenção e Hiperatividade), TGD (Transtorno do Desenvolvimento Global) e entre essas a Dislexia, da qual fundamenta-se este trabalho a partir daqui, que ainda faz um apanhado sobre as significâncias da linguagem, a escrita e a leitura dando ênfase nas práticas de direcionamento que propiciam uma evolução adequada e também na maneira de se relacionar com as diversas dificuldades de aprendizagem, tendo em vista a capacitação e preparo de todos os que buscam o aprimoramento do fazer avaliativo, que depende exclusivamente da superação dessas dificuldades.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este trabalho será baseado metodologicamente através de pesquisas bibliográficas sobre o tema em pauta, estando amparado em trabalhos e materiais publicados que salientam a seriedade do assunto. Assim a organização irá sendo efetuada de acordo com a procedência da pesquisa e sua leitura, com a anotação de pontos relevantes para o estudo.
A sequência será norteada a partir do entendimento do que é a linguagem, a leitura, a escrita e as dificuldades inerentes a cada um que acabam trazendo à tona, as diversas dificuldades de aprendizagem e entre elas se situa a dislexia.
Por fim, as considerações finais levam a uma reflexão da real importância desse artigo, deixando em evidência que todos devem abraçar a causa dessas dificuldades e realmente caminhar para a solução.
O PAPEL DA LINGUAGEM
Para a interação dentro de uma sociedade sabe-se da importância do ler e escrever e isso desde os tempos mais remotos, como demonstrado pelos gráficos encontrados em cavernas, ou os escritos deixados pelos egípcios, que registram a grandiosidade de sua cultura, e assim no decorrer de nossa história a qual continuamos a registrar, mas para isso temos que ter uma base de como fazer isso.
A linguagem assume papel decisivo diante da compreensão do mundo e na transmissão dos valores pessoais, sociais e culturais. A interação dependerá muito do meio onde a criança está inserida, dos contatos sociais, além da exercitação e treino.
Segundo Launay (1986, p. 3)
A linguagem é ao mesmo tempo uma função e um aprendizado: uma função no sentido de que todo ser humano normal fala e a linguagem constitui um instrumento necessário para ele; um aprendizado, pois o sistema simbólico linguístico que a criança deve assimilar é adquirido progressivamente pelo contato como o meio (…) A linguagem é um aprendizado cultural está ligada ao meio da criança.
Nesse caso a criança deve apresentar a facilidade de comunicação verbal com os outros de maneira compreensível, mas sabemos dos vários fatores que podem intervir nesse desenvolvimento, entre eles: patológicos ligados a incapacidade de articulação das palavras e que podem ser resultantes de lesões cerebrais, os distúrbios de ordem fonética, tendo problemas na pronúncia, ou ainda, problemas ligados à audição. Nesse caso a facilidade da comunicação começa a ser comprometida, sendo preciso uma intervenção mais eficaz para a busca de uma solução, caso contrário a criança apresentará sérias dificuldades em sua evolução pessoal e no aprendizado.
A LINGUAGEM GRÁFICA
A linguagem gráfica situa-se antes do ler e escrever, nessa fase a criança desponta para o desenho, traços e risco, simplesmente pelo prazer de rabiscar sem compromisso, essas impressões são geralmente desordenadas, mas aos poucos a criança vai ampliando seu espaço visomotor e os rabiscos vão ganhando novas formas, nesse ponto a utilização do traço e do desenho se transforma no ponto informacional a ser manifestado, onde transmite a significância do entendimento de seu mundo.
Através da ação gráfica, ela (criança) adquire capacidade de representar os objetos de sua ação, depois de diferenciá-los, os simbolizar; esta representação, que não é conhecida somente por ela, mas por outras pessoas, constitui uma linguagem inseparável daquele que lhe deu nascimento, a linguagem da ação. Como em toda a linguagem, a criança reconhece as significações e decifra a mensagem, antes mesmo de ser capaz de as formular (Vayer 1984, p. 55).
Fica claro então que esse aprendizado espontâneo aos poucos irá sendo ampliado pela criança, isso deverá contar como fator de aproveitamento pelos educadores na evolução para a escrita, mais ainda, não só aos educadores, mas também às pessoas que vivem ao redor da rotina dessa criança. Segundo a autora:
Não nos parece que a escrita “aprendida, convencional” realmente faça com que a criança abandone a “forma de expressão que é sua”, sua linguagem interior, A nosso ver, a escrita não precisaria necessariamente ser mecânica e massificadora. Ela pode ser mais uma forma de estimular os processos de pensamento e imaginação. Ela pode se tornar criativa (Oliveira, 1987, p. 113).
Bee, 1996 p. 242, fala de dois tipos de crianças, as de estilo referencial e as expressiva e a capacidade de entendimento de cada um desses estilos: as de estilo referencial apresentam a tendência de serem mais orientadas cognitivamente, suas brincadeiras com objetos são intensas e a interação com as pessoas são mais frequentes tendo esses objetos como mediação, nesse caso o desenvolvimento do vocabulário se torna avantajado nos estágios iniciais e apresentam uma vantagem diante das crianças expressivas na capacidade de compreender a linguagem adulta, enquanto que as crianças expressivas desenvolve uma interação baseada em inflexões gramaticais, dando a elas uma linguagem inicial que soa mais avançada, porém seu vocabulário tem o desenvolvimento mais lento.
A LEITURA
Segundo Oliveira, 1987, p.113, ler significa compreender interpretando os significados do que se lê, assim estará se apropriando de uma ação motivadora que impulsionará o desenvolvimento principalmente na área educacional, pois a criança terá o prazer aliado ao real significado de ampliar seu conhecimento.
Para tanto a criança além de uma boa capacidade de simbolização, verbalização, desenvolvimento intelectual e algumas habilidades pessoais essenciais. Precisa também, segundo a autora: possuir boa memorização e acuidade visual, coordenação ocular, mínimo de atenção dirigida e concentração, um mínimo de vocabulário e de compreensão, noção de lateralidade em face de nossa escrita ser feita da esquerda para a direita linearmente. E ainda possuir orientação espacial e temporal.
Conhecer a estrutura da linguagem apresenta diferença quando a criança é capaz de buscar substitutivos para palavras que ainda não conhece, essa forma de substituição ajuda e concilia a aceitação de palpites, propiciando uma sensibilidade gramatical, tornando-se melhores leitores, e, não se trata de um maior vocabulário, mas sim de conhecer como ocorre a reunião das frases.
A consciência crítica da formação das palavras edificadas pelos sons individuais, passa a ser chamado de consciência fonêmica e isso acontece a partir de que a criança decodifique as letras distintamente, facilitando com isso o processo da leitura.
A ESCRITA
Para Oliveira, 1987, p. 114, a escrita como a linguagem também necessita de que haja um desenvolvimento motor adequado, que propiciará as habilidades consideradas essenciais para o desenvolvimento. Entre as quais são citadas a coordenação fina que auxilia uma melhor precisão dos traçados, pressão correta do lápis ou caneta. Bom esquema corporal, boa coordenação óculo-manual.
Como se pode perceber a escrita levanta em si a mobilização de diferentes segmentos corpóreo, nesse caso uma boa tonicidade propiciará um maior controle neuromuscular resultando numa maior capacidade inibitória voluntária, ocasionando um maior controle dos gestos a serem executados, também precisam serem considerados a rotação do pulso e a posição da folha, como forma de não haver desperdício de energia e ainda evitar dores. É citada também a necessidade da organização do espaço gráfico, em termos de orientação espacial e temporal.
Assim pode ser notado que a evolução da escrita e da linguagem requerem uma maior atenção quanto à inserção da criança dentro do contexto escolar, não se deve generalizar o aprendizado inicial, tanto é que mesmo com maior ou menor bagagem a criança vai sendo inserida aos poucos e as exigências devem sempre considerar o conhecimento conquistado até então.
Aprender para os pequenos precisa ser visto como uma possibilidade de propiciar formas para que esses possam expressar sua criatividade, o lúdico deve estar presente e aproveitado para ampliar uma visão de conquista pessoal do aluno, pois quando se abandona ou perde-se essa sintonia sabe-se que aumenta o desinteresse e com certeza dificulta o aprendizado.
As dificuldades de aprendizagem são vistas de várias formas e ultimamente qualquer situação que se apresente fora da ordem é motivo para ser considerado como interferência dentro do processo ensino-aprendizagem, e quase sempre recai sobre o aluno. Mas será ele o único responsável por essas deficiências? Caso a ser pensado seriamente por todos os envolvidos no processo. A seguir elenca-se uma série de situações que podem contribuir com o surgimento dessas dificuldades.
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Bee, 1996 p. 442, até esse ponto colocou-se os problemas relacionados aos referenciais pontuais em relação à escrita e a leitura, que é um fato comum a todos e pode afetar aos alunos de maneiras diferentes, assim a individualidade é que irá proporcionar um levantamento eficaz para a busca das soluções, mas nota-se que existem fatores externos e internos que contribuem tanto para a melhora, como para o aumento dessas dificuldades, os pontos desse índice a seguir são determinantes, face às responsabilidades e suas afetações no decorrer das atividades diárias dos alunos e também como pautar-se nas tentativas para as reais soluções. Soluções essas baseadas em edificar e construir o avanço escolar significativo do aluno, nunca para taxar ou marcar como mais um com dificuldades.
Basear-se em fatos constituídos será a ponte para caminhar, as causas a seguir servirão apenas como esboço, dando real significância ao sentido do ensinar e educar para uma aprendizagem de sucesso.
A ESCOLA
Atualmente o objetivo da escola está focado na integralização da criança como forma de facilitar o acesso ao mundo dito civilizado. Transformar as crianças em seres capazes de se adequarem às normas e vivências da sociedade, mas o que se vê na realidade é que a escola segue um currículo determinado e adequado às exigências amparadas em alcançar resultados para atender a certos índices.
O caráter aberto da estrutura social para a mobilidade individual oculta a determinação social do desenvolvimento do sujeito como consequência das profundas diferenças de origem que se introjetam nas formas de conhecer, sentir, esperar e atuar dos indivíduos. Este processo vai minando progressivamente as possibilidades dos mais desfavorecidos social e economicamente, em particular um meio que estimula a competitividade, em detrimento da solidariedade, desde os primeiros momentos da aprendizagem escolar (Gimeno, 1998, p. 16).
Ao deixar a qualidade de lado, a educação lança mão de brindar uma parcela significativa da população com a possibilidade de guindar melhores situações de trabalho, principalmente no ensino público e ainda em várias situações basicamente os relega ao esquecimento, pois muitos do que passam por ela acabam abandonando os bancos escolares por falta de motivação ou até incentivo.
Aos professores cabe também uma parcela de culpa, pois muitos se negam a evoluir e ainda recorrem às velhas técnicas de ensino como se elas fossem eternas, essa falta de flexibilidade torna as aulas tediosas, atender uma sala de aula e tratá-la de maneira uniforme sem levar em conta a individualidade ocasiona um nivelamento ruim para o ensino. Nesse caso todos perdem e com certeza será possível ouvir desses professores que os alunos são desinteressados.
Não é possível assumir a condição de educadores/educadoras utilizando práticas unidirecionais centradas na autoria exclusiva da emissão sem prejuízo para a educação sintonizada com o espírito do nosso tempo. As separações entre locutor e interlocutor, sujeito e objeto do conhecimento, observador e observável, tempo e espaço precisam ser ressignificadas, pois vivemos em um mundo de mudanças e crises diversas, tanto nos modos e meios de produção de bens e serviços, quanto nos processos de formação e (re)construção de saberes e conhecimentos nesta sociedade da informação e da cibercultura. (Torres, 2007, p. 19).
Para fazer justiça também existem aqueles que adotam as mais variadas metodologias em sala de aula e propiciam situações propícias ao desenvolvimento pleno das atividades, colhendo com isso a participação efetiva do alunado e os resultados muito mais satisfatórios.
A educação é um processo aberto onde o sentido é uma mão dupla, ao professor em sala cabe viabilizar o fluxo sem atravessar, para que não haja colisão e se o fluxo corre naturalmente certamente os dois lados colhem os frutos.
Esses pontos se relacionam com a escola, mas existem situações em que o aluno já carrega consigo e ao chegar à sala de aula ele poderá apresentar diversas deficiências, níveis inferiores de maturidade ou desiguais ao que se espera para a idade, isso, interfere diretamente no seu desenvolvimento.
Ainda cabe citar as outras desvantagens que se apresentam, como a bagagem cultural, social, intelectual, neurológica, que em defasagem frente aos colegas de classe irá dificultar em muito o aprendizado do ler, escrever e calcular.
O objeto deste estudo abrange esses três últimos e sabe-se que o aprendizado está intimamente ligado a eles, e que a interdependência um do outro porá em risco a evolução do aluno caso ele apresente alguma dificuldade, que não venha ser sanada ou ao menos atenuada.
CAUSAS DAS DIFICULDADES
Segundo, Drouet, 2006, p. 96, a Psicologia e a Psiquiatria estão realizando variados estudos na intenção de classificar os distúrbios que interferem no aprendizado e ainda determinar as causas, e devido o pouco aprofundamento pedagógico desses problemas no curso de formação dos profissionais educadores, acaba-se deixando isso na área clínica no nível da psicologia, ou da Medicina, ao invés de dentro da Educação.
A elencação das dificuldades não é tratada como classificação, sendo assim agrupadas de acordo com as causas e por se tratar de alguns que reúnem várias causas, apresentando interferência de mais de um fator, pois o ser humano é constituído de sistemas vinculados entre si.
CAUSAS FÍSICAS
Apresentam-se pelas perturbações somáticas transitórias ou permanentes, tratando-se da modificação do estado físico geral, e entre elas estão: dor de Cabeça, febre, dor de ouvido, cólicas intestinais, verminoses, e outros que ditam um estado de anormalidade na saúde do indivíduo.
CAUSAS SENSORIAIS
Aqui se situam os desarranjos que atingem os sentidos, que são responsáveis pela forma de perceber os estímulos do meio exterior e incluem aqui a visão, audição, gustação, olfato, tato, equilíbrio, reflexo postural, ainda os sistemas de condução entre esses órgãos e o sistema nervoso. Tudo coopera no modo de receber e compreender o que se passa à sua volta.
CAUSAS NEUROLÓGICAS
Trata-se de problemas no sistema nervoso, no cérebro, cerebelo, medula e dos nervos. Qualquer problema em uma dessas partes ocasionará problemas de maior ou menor grau, face à área atingida (lesada).
CAUSAS EMOCIONAIS
Situam-se aqui os distúrbios psicológicos advindos das emoções e sentimentos, e quase sempre estão acompanhados de problemas nas outras áreas como por exemplo, motora, sensorial etc.
CAUSAS COGNITIVAS OU INTELECTUAIS
Estão ligadas à inteligência pessoal, na compreensão do mundo em que vive e na capacidade de conhecer, enfim raciocínio e o estabelecimento de relações entre o que o cerca e é observado. Para tanto o sistema nervoso desempenha papel importante, assim as relações irão depender das estruturas mentais e da capacidade intelectual.
CAUSAS EDUCACIONAIS
Diz respeito à educação inicial recebida pelo indivíduo em sua infância, resultando em distúrbios que o aluno carregará, prejudicando-o na adolescência e na idade adulta, influindo tanto no estudo como no trabalho.
CAUSAS SÓCIO-ECONÔMICAS
São ditadas pelo meio social e econômico do indivíduo e, e em análise ao meio animal este pode ser hostil ou propício, o que condiciona seu maior ou menor desenvolvimento, menor ou capacidade de adaptação e pior ou melhor condição de saúde, essa problemática desfavorável ou favorável irá ditar a sua subsistência e também o ritmo de sua aprendizagem.
Assim os problemas poderão nascer de uma ou de várias dessas causas, como-se vê fica bastante difícil detalhar a causa e ainda precisar especificamente de onde vem o efeito negativo no desenvolvimento educacional da criança.
Quanto ao objeto do estudo deste trabalho, estas causas podem estar incutidas dentro dele e estarem sendo tratados ou considerados como dislexia, mas para buscar um melhor esclarecimento entra-se agora num apanhado mais específico no sentido da palavra e seu significado, bastante debatido em temas atuais e que são capazes de confundir a cabeça daquele que busca explicações para os problemas envolvidos com as dificuldades de aprendizagem.
DISLEXIA
O que seria então dislexia? De acordo com o dicionário Domingos Paschoal Cegalla a dislexia é: “deficiência na compreensão do que se lê causada por lesão do sistema nervoso central” ou ainda, “Situação na qual um indivíduo lê experimentando cansaço e sensações desagradáveis”.
Já o dicionário Aurélio diz que a dislexia é a “incapacidade de compreensão do que se lê, devida a lesão do sistema nervoso” ou ainda “condições em que a leitura causa fadiga e sensações desagradáveis à pessoa”.
Segundo também a Enciclopédia Encarta, a dislexia é vista como a dificuldade em ler, escrever, soletrar e enumerar. As três versões das obras levantadas, evidencia que é um problema bastante significante e que influi no desenvolvimento escolar, tendo em vista a consideração de se tratar de uma lesão no sistema nervoso, e se é uma lesão, então existe a necessidade de ser encarada como permanente.
Baseando -se na Encarta, o disléxico apresenta problemas de coordenação e também na auto-organização, tudo devido ao cérebro do disléxico por apresentar uma estrutura diferenciada, a explicação está em que a pessoa com o problema tenderá a utilizar o lado direito do cérebro, durante o processo de apropriação da linguagem, quando na verdade deveria usar o esquerdo, além disso fala-se no fator hereditário, que pode significar alterações no componente genético, tendo em vista pesquisas mais recentes.
Segundo Samuel Orton (in Bryant e Bradley, 1987, p. 26), neurologista americano, os sujeitos disléxicos costumam ter problemas de coordenação e de auto-organização. Ainda de acordo com a Encarta, a pesquisa sobre as causas da dislexia revelou que a estrutura celular do cérebro disléxico é diferente. Ele tende a utilizar, quando está em processo de aquisição da linguagem, o lado direito do cérebro, quando, na verdade, deveria utilizar o esquerdo Existe, além disso, um fator hereditário e, segundo pesquisas mais recentes, têm igual importância um componente genético e que acaba influindo para a ocorrência.
Nesse processo explicativo da situação acaba-se encontrando os problemas com a evolução no aprendizado dos envolvidos com a dislexia, mas compreender as causas pelas quais uma criança apresenta dificuldades na sua lectoescrita, irá colaborar de maneira significativa no enfrentamento de suas dificuldades. Porém deve-se ater que as crianças que têm dislexia, nem sempre apresentam características similares a não ser a dificuldade na lectoescrita.
Segundo Launay (1986, p. 115). afirma que dislexia não é somente a dificuldade de adquirir, mas também:
[…]a frequência e a reprodução de confusões de sons e de inversões, a incapacidade para organizar a língua escrita e, finalmente, o caráter rebelde destas confusões, apesar dos esforços pedagógicos (…). Assim a dislexia é concebida como um distúrbio psicopedagógico, com anamnese frequente, mas não constante, dos distúrbios da linguagem ou da orientação espacial, e dos fatores iniciais, constitucionais uns dependentes do meio outros (…). Entre os fatores do meio ocupa um lugar o fator pedagógico, e não certamente porque uma pedagogia inadequada possa por si só criar uma dislexia, mas por que pode encaminhar uma criança com maturidade medíocre para o caminho da dislexia.
Nesse caso as dificuldades serão marcantes quanto a evolução da criança, pois no início da escolarização a leitura e a escrita são vistos como únicos mediadores do ensino, portanto é certo que a percentagem de crianças carentes de instrumentos básicos seja muito elevada, na busca da escolarização a ser alcançada.
Catalogar todas as dificuldades apresentadas como dislexia parece ser mais fácil do que buscar a origem dos problemas apresentados e sabe-se que no aprendizado da lectoescrita estão envolvidos tanto os aspectos perceptivos visuais, assim como os auditivos e qualquer desarranjo nesses dois fatores pode significar atraso no desenvolvimento do aprendizado, assim é fundamental a busca da origem ocasionadora do problema e a partir de então passar a usar metodologias, que possam atenuar essas dificuldades ou até saná-las.
Dugas (in Ajuriaguerra, p. 94), recebe a aprovação de Oliveira, 1997, p. 129.
Acreditamos que o interesse não está tanto em determinar se pertencem ou não à patologia – ainda que as consequências escolares e sociais de sua debilidade eletiva as levem a este destino – mas em precisar suas características dentro do grupo dos que lêem mal e em promover os meios que permitirão que se sobressaia um handicap cujas graves consequência vimos.
As dificuldades como dito estão instaladas exatamente onde o aluno irá assimilar as novas descobertas, nesse caso é necessário compreensão do papel da linguagem e da escrita na vida desse iniciante e o sentimento diante das barreiras a serem vencidas.
O necessário acompanhamento para efetivar um diagnóstico preciso sobre as dificuldades escolares, distúrbios de aprendizagem e dislexia, gera em si controvérsias e diagnosticar acaba sendo um trabalho complexo, devendo ser feito de maneira criteriosa. Mas será que o acompanhamento das escolas nas séries iniciais, está ocorrendo com a real intenção de se identificar objetivamente e com tempo para isso ou apenas protela batizando o baixo rendimento como dificuldades?
Muitas crianças falham ao tentar atingir um padrão adequado de alfabetização. Muitas delas permanecem analfabetas, tornando-se não só um problema escolar, mas a longo prazo um problema social. Essas crianças devem ter um distúrbio de uma determinada origem que as impede de aprender. Esse distúrbio deverá ser diagnosticado por um especialista. Cabe ao professor observar as crianças, perceberem aquelas que apresentam problemas de aprendizagem e encaminhá-las ao especialista adequado para diagnóstico e tratamento (Drouet, 2006, p. 93).
Diagnosticado então os alunos com problemas, no caso específico, portadores de dislexia, isso em si soluciona o problema quanto às dificuldades de aprendizagem? Claro que não, o que pode e deve sanar esses problemas será o comprometimento dos envolvidos na busca da evolução desse aprendizado, nesse caso então será questão de adotar metodologias diferenciadas que contribuam em amparar os que buscam o ensino em suas mais diversas dificuldades.
Classificar os distúrbios que influem na aprendizagem não é fácil, amparado na hipótese de não existir definição precisa do que seja um distúrbio de comportamento e nem também o que seja comportamento considerado normal. O fato é que qualquer desvio que ocorra e que fuja de padrões estipulados pelo ambiente cultural, social e histórico do indivíduo será o bastante para que o mesmo seja taxado de diferente, e quando diante da normalidade e reações adequadas a esse meio então é taxado de normal.
Assim o indivíduo precisa ir se adaptando às exigências para parecer normal frente às essas situações, caso contrário seus problemas irão acompanhá-lo pela vida toda, pois o que se vê parece uma sequência de problemas sem solução e a educação parece um campo de experimento.
O fato principal da educação na atualidade é que se caminha por um terreno perigoso, onde o saber parece estar a parte do processo, ficar se apegando a este ou aquele problema parece mascarar o que se nega a ver, mas atualmente a maior prova do fracasso escolar pode ser visto da política educacional dentro dos processos avaliativos aplicados para a população, onde os frequentadores dos bancos escolares mal conseguem responder questões básicas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O levantamento desse trabalho concorre para ampliar os escritos sobre a dislexia, não de maneira profunda, mas como instigadora de levantamentos de dados comparativos em uma situação para explicar o descaso com que se trata as dificuldades escolares na prática. Discutir os diversos problemas da aprendizagem envolve muito mais do que fazer levantamentos e engavetá-los, propiciando assim a continuidade do sistema e que segue um curso assustador.
Sabe-se que a educação passa por um processo massificador onde a importância dos resultados aparece como ponto fundamental, assim fica difícil alcançar soluções frentes às dificuldades escolares dos indivíduos, o que se vê são arranjos e lutas de abnegados que mesmo frente à falta de condições, tentam sobremaneira fazer valer o direito daqueles que estão nos bancos escolares, por uma educação de qualidade.
Fala-se em qualidade, mas na realidade aqueles que necessitam de atendimento especializado, ficam aguardando por longo tempo em filas de psicólogos e os diagnósticos dessas dificuldades vão sendo protelados e quem acaba perdendo no fim é somente o aluno, que vai ficando retido aumentando a defasagem escolar e o abandono.
A responsabilidade da escola é trabalhar para a evolução do ensino aprendizagem, nesse caso cabe a ela cobrar da sociedade soluções que possam colaborar no avanço desse ensino. Se na escola é lugar de adquirir conhecimento, então deve-se tirar tantas obrigações que a desviam de seu real objetivo.
Por fim, sabe-se que houve um pequeno avanço na educação de nosso povo, mas no quesito dificuldades de aprendizagem ainda há muito por se fazer, a luta ainda será árdua e todo aquele que quiser ser um educador, deverá saber que o ensino é a base primordial para o avanço da nação.
Mas a esperança e a luta por uma educação de qualidade contínua e para aquele que quiser somar, as portas estarão sempre abertas, arregimentando colaboradores em solucionar os problemas e não aumentá-los.
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