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Resumo
INTRODUÇÃO
Nos tempos atuais é necessário romper com certos preconceitos e tradicionalismos que se encontram demasiado ultrapassados. A área de educação física é uma área muito dinâmica, tendo um vasto campo de atuação, podendo ser desempenhada, em escolas, academias e outras instituições. Posto isto, se faz mister esclarecer que, não existe ciência sem filosofia, a filósofa Chauí (2000, p.55), adverte sobre a necessidade que as ciências possuem de se desenvolverem, resolvendo seus dilemas através da filosofia, pois encontram apoio e fundamentação na filosofia, sendo esta ciência, considerada uma fonte de conhecimento, bem como também, a mãe das ciências. Diante disso, a Educação Física, enquanto ciência necessita da filosofia para pensar seus problemas e refletir sobre suas necessidades. A educação física, tradicionalmente vista como uma disciplina voltada para o desenvolvimento físico e motor, tem se expandido para incluir aspectos sociais, emocionais e éticos. A filosofia, por sua vez, oferece um arcabouço teórico que pode enriquecer a prática da educação física, promovendo uma reflexão crítica sobre os objetivos e métodos utilizados. Este artigo busca investigar como a filosofia pode contribuir para uma educação física mais holística e significativa.
A pensadora da educação, Graça Aranha (1989, p.12), explica que estudar uma disciplina isoladamente, sem criar pontes com outras áreas do saber, é construir limites, impor barreiras para o desenvolvimento e compreensão da realidade do fenômeno estudado, observando o fenômeno apenas em partes, somente por um ponto de vista. Isto traz prejuízo para o amadurecimento de qualquer área do saber. Nesse sentido, é necessário fundamentar a ação docente em torno da educação física. Fomentar uma formação continuada para o profissional de educação física, a fim de ajudá-lo a compreender o contexto social, cultural e histórico de seu alunado. Esse saber que deve ser construído não pode estar fragmentado, mas sim conectado entre teorias reflexivas e críticas, juntamente com aspectos fisiológicos e práticos, da formação e desenvolvimento dos discentes. Este artigo explora a relação entre filosofia e educação física, destacando como os princípios filosóficos podem influenciar a prática pedagógica e a formação de valores no contexto da educação física. Através de uma análise crítica, discutimos a importância da filosofia na construção de uma educação física que não apenas promova a saúde e o bem-estar, mas também fomente o desenvolvimento integral do indivíduo.
A literatura que abordou esse tema foi bastante ampla, permitindo que fosse realizado uma pesquisa interdisciplinar. Foram consultadas revistas científicas, artigos acadêmicos e livros que abordam o descrito objeto de estudo. O profissional de Educação Física, deve saber realizar um trabalho de forma consciente, daí esse fato deve ser um ponto de reflexão para que o profissional busque apoio de outras ciências, como a própria filosofia. O pensador Paulo Freire (2002, p.23) dizia que uma educação mais completa proporciona ao homem uma educação mais humanizadora. O pensamento educacional do professor deve estar em sintonia com os objetivos da escola, buscando juntos, professor e escola, construir uma sólida prática pedagógica.
DEFINIÇÕES E CONCEITUAÇÕES HISTÓRICAS
Partiremos agora para uma definição mais profunda do que é filosofia e o que é a Educação Física. A filosofia possui muitas definições, sendo delimitada muitas vezes a partir de seu contexto histórico, porém sua definição mais usada didaticamente, conceitua que filosofia seria o “amor à sabedoria”, essa visão é clássica, por isso muitas vezes é vista como superficial. A filosofia busca entender e refletir a respeito da realidade, contudo como a realidade é dinâmica e complexa, pode-se inferir que a filosofia também se constrói e se reconstrói de acordo com as mudanças do tempo e espaço. A filosofia da educação física envolve a análise dos fundamentos teóricos que sustentam a prática dessa disciplina. Questões como “O que significa ser fisicamente educado?” e “Quais são os valores que a educação física deve promover?” são centrais para essa discussão. Alguns Filósofos enfatizam a importância da experiência e da reflexão crítica, propondo que a educação deve ser um processo ativo e participativo.
Desde a Grécia Antiga, pensadores como Platão e Aristóteles discutiram a importância do corpo para o desenvolvimento integral do indivíduo. Platão, em sua obra “A República”, defendeu a ginástica como essencial para a educação dos guardiões da cidade, equilibrando corpo e mente. Aristóteles, por sua vez, considerava a prática física fundamental para a saúde e para a ética da vida boa. A filosofia surgiu desde os tempos mais remotos, quando o homem utilizava a arte, a escrita ou até mesmo seu corpo, como meios de buscar se desenvolver e refletir racionalmente sobre seus problemas e necessidades. Porém, é na Grécia antiga que a filosofia ganhou uma delimitação mais didática, contribuindo, desde então, com uma visão eurocêntrica da filosofia. Observe o que pensador Prado (1981, p. 02) descreve a respeito:
Que a Filosofia é Conhecimento, e que de certa forma se ocupa dos mesmos objetos que as ciências em geral, não há dúvida. Mas tudo está nessa restrição “de certa forma”. Isso porque a Filosofia não é e não pode ser, logo veremos por que, simplesmente prolongamento da Ciência, uma “superciência” que a ela se sobrepõe e que a completa. Não há lugar para esse simples prolongamento. Ou melhor, qualquer legítimo prolongamento da Ciência é e sempre será, tudo indica, Ciência e não outra coisa. Isso se pode concluir do fato que o desenvolvimento da Ciência, quando se excluem indevidas extrapolações, se faz sempre num sentido único que é o da crescente generalização. E não há nenhum ponto fixado, no passado, ou previsível no futuro, nem mesmo fronteira difusa naquele processo além do qual não caberia mais falar em Ciência propriamente. A história da Ciência nos mostra que sua marcha e progresso vão uniformemente no sentido da elaboração de conceitos, ou melhor, “conceituação” cada vez mais abstrata e geral(Prado, 1981, p.02)
O pesquisador Prado (1981, p. 03) reflete a respeito de que o conceito de filosofia é bem mais profundo do que as definições superficiais construídas em determinadas épocas, explicando que a filosofia se produz de maneira dinâmica através da elaboração contínua de conceitos. Já a Educação Física é compreendia como a arte ou ciência do movimento humano, que ajuda no desenvolvimento integral do indivíduo, isto é, desenvolvimento tanto físico como mental, pois entende que mente e corpo trabalham juntos. De acordo com o pesquisador Schoemberger (2017, p.123) existe uma forte dependência entre os aspectos cognitivos do ser humano com os aspectos motores. Veja o que o pesquisador Silva (2012, p.143) fala a respeito:
Na realidade a prática de exercício foi introduzida pela civilização grega com o nome de ginástica, que se caracterizava por exercícios disciplinados que tinham a finalidade de desenvolver a destreza, a beleza e a força. Os exercícios incluíam a corrida, os saltos, a natação, o lançamento e o levantamento de peso. No livro A República, Platão discursa por intermédio de Sócrates meios educacionais, que os guardiões da sua Police (sua cidade utópica) deveriam passar. A Educação Física desempenhava um papel fundamental no sistema educativo grego, pois fazia parte do ansiado equilíbrio harmônico entre as aptidões físicas e intelectuais. A Paidéia era o ideal da educação grega, onde tal educação unia a ginástica à música. A Grécia Antiga alavanca o início de um novo ciclo na história com o surgimento de um mundo civilizado. E o início autêntico da história da educação física.(Silva, 2012, p.143)
O homem como um ser animal já praticava atividades físicas no período pré-histórico, práticas como a caça para sobreviver, exigiam grandes esforços físicos e outras desenvolturas. O nado, a corrida e a escalada eram práticas comuns para a realização de caça e pesca, bem como também para fugir do ataque de feras. Contudo, a prática consciente da educação física como disciplina que ajuda no desenvolvimento biológico do ser humano, só ganhou uma melhor definição com os gregos, por volta de 386 a.C, na academia do filósofo Platão. De acordo com o pensador Schoemberger(2017, p. 128):
Quando os primeiros hominídeos questionaram-se por que sentiam fome, frio, sede, sono, defecavam, mantinham relações sexuais, necessitavam de roupas, de fogo, de alimento, de moradia; onde deveriam unir-se para um melhor logrado na coleta e caça; quando estabeleceram ser melhor ficar de pé nas savanas para uma melhor observação dos arredores, pois o mato era um tanto quanto alto e postados de quatro a observação tornava-se difícil; quando estabeleceram laços de amizade e família criando desta forma uma sociedade organizada; quando regras foram criadas e estabelecidas para uma melhor sustentação do grupo de pessoas onde ditames eram norteadores para o que posso e não posso fazer, estabelecemos uma profunda conexão de nós com nós mesmos, com o mundo que nos cerca e com os demais de nossa espécie, foi só assim que começamos a criar uma sociedade fundada e baseada em princípios físicos, psicológicos, emocionais, históricos, sociais e culturais.(Schoemberger, 2017, p. 128)
Diante dos mistérios e incertezas desse tempo, o homem recorreu a reflexões filosóficas com a finalidade de elucidar seus problemas e dilemas. A pensadora Chauí (2000) afirma que a filosofia busca entender ideias para além dos conceitos simples, indo na raiz e procurando respostas mais sólidas sobre os problemas. A pesquisadora Sato (2006, p. 19) fala que a Educação Física também recorre às reflexões filosóficas ao reconhecer o corpo como totalidade, com o objetivo de respeitar os limites do indivíduo, proporcionando um equilíbrio interior entre mente e corpo. No âmbito escolar, a Filosofia conduz o homem a entender que existem valores morais e éticos no desporto e que estes devem orientar a conduta do desportista, pois muitos jovens se espelham na conduta de outros esportistas que lhe servem de referência. A educação física não se limita ao desenvolvimento de habilidades motoras; ela também desempenha um papel crucial na formação de valores éticos e sociais. A prática esportiva pode ser um espaço para a promoção de valores como respeito, fair play, cooperação e inclusão. A filosofia nos ajuda a questionar como esses valores são transmitidos e vivenciados nas aulas de educação física, além de incentivar uma postura crítica em relação a questões como competitividade e desigualdade.
DESAFIOS DA FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO FÍSICA
A reflexão crítica é um componente essencial da filosofia que pode ser aplicado à educação física. Ao incentivar os alunos a refletirem sobre suas experiências, motivações e os impactos sociais do esporte, a educação física se torna um espaço de aprendizado mais profundo. Essa abordagem não apenas melhora a compreensão dos alunos sobre a atividade física, mas também os prepara para serem cidadãos mais conscientes e engajados. Um dos principais desafios da filosofia dentro da disciplina de educação física é buscar sentido na sua atuação e demonstrar como a filosofia contribui para as ações docentes. O pesquisador Flickinger (2004, p.11), aponta que existem várias teses sobre a importância dessa relação, veja o que ele diz, em uma delas:
Uma filosofia da Educação Física Escolar contribuiria para uma postura crítica do contexto sócio-histórico desta, levando a conhecer as influências da cultura e da sociedade que incidem sobre ela. Haveria por parte dos professores uma reflexão constante do fazer pedagógico, onde repensando sua prática, consequentemente, levaria a considerar os diferentes contextos de sua inserção e o “se movimentar” estaria carregado de significados para os sujeitos envolvidos nessa prática. (Flickinger, 2004, p.12).
A relação entre filosofia e educação física é rica e multifacetada. Ao integrar princípios filosóficos na prática pedagógica, educadores podem promover uma educação física que vai além do desenvolvimento físico, contribuindo para a formação integral do indivíduo. A reflexão crítica, a promoção de valores éticos e a busca por uma prática inclusiva são fundamentais para que a educação física cumpra seu papel social e educativo. A reflexão do papel da educação física escolar na sociedade é fundamental para compreender a dinâmica existente nessa complexa teia social. A filosofia ajuda a manter uma visão mais holística na disciplina de educação física, além de proporcionar reflexões que ajudam a humanizar os educandos. Ademais, os profissionais de educação precisam entender qual o seu papel como educador e como construir essa relação com os espaços escolares. O educador Lucca (2021, p.35) aponta que:
Investigando a realidade de algumas escolas, são inúmeros os desafios os que percorrem o ambiente de aprendizagem esportivo nas aulas de Educação Física escolar, dentre eles: a prática pedagógica pautada na repetição de gestos técnicos, a exacerbação da competição, a exclusão das meninas e alunos considerados menos habilidosos, entre outras. Todas essas singularidades apresentam-se como limitadores ao aprendizado que deveria ser o mais integrador e humanizado possível. O que nos orienta é a falta de estímulo à igualdade social ou direitos políticos como ocorreu na Grécia Antiga(Lucca, 2021, p.35).
Os centros de ensino são os grandes pólos de apoio da atividade do profissional de educação física, esse profissional mesmo tendo outros locais de atuação, tem nas escolas uma colaboração mais atuante, possibilitando um aprimoramento da prática docente. Esse ambiente proporciona um trabalho mais dinâmico e atende ao que a sociedade espera desse profissional na Escola. Reconhecendo os valores não apenas para a comunidade escolar, mas para a sociedade como um todo. A educação física, historicamente, sempre esteve relacionada às discussões filosóficas acerca do corpo, do movimento e da forma como o ser humano se expressa e se desenvolve. Através de um olhar filosófico, é possível compreender os fundamentos e propósitos dessa área, bem como refletir sobre sua influência na formação humana. A educação física como ciência e área do conhecimento tem se beneficiado das discussões filosóficas sobre sua natureza epistemológica. Questões como “A educação física é uma ciência autônoma?”, “Quais os fundamentos teóricos que sustentam suas práticas?” são comuns no debate acadêmico. O paradigma cartesiano, que separa corpo e mente, influenciou a forma como a educação física foi concebida ao longo dos séculos, sendo que correntes contemporâneas buscam superar essa dicotomia e adotar uma visão mais abrangente.
O uso das tecnologias, em sala de aula, se mostra como um desafio do mundo moderno. Os professores estão antenados na era informacional, mas é necessária uma garantia de uma formação continuada, que possa abarcar o avanço veloz e sistemático da era cibernética. As chamadas tecnologias emergentes, por exemplo, seriam ferramentas necessárias para manter o professor inserido no mundo das tecnologias educacionais. De acordo com o pesquisador Cardoso (2018, p. 10), essas tecnologias ganharam nos últimos anos mais vitaliciedade, desempenhando um papel inovador para a educação.
A dimensão ética da educação física está relacionada ao respeito ao corpo, à inclusão social e à promoção da saúde. Questões como dopagem no esporte, a mercantilização do corpo e a educação para a cidadania através da prática esportiva são amplamente discutidas sob a ótica filosófica. A bioética também desempenha um papel importante na regulação das práticas corporais.
A FORMAÇÃO DOS DOCENTES
O contexto de formação do professor no Brasil passou por várias etapas, como a preocupação colonial dos jesuítas com a educação até as medidas adotadas por Dom Pedro II no final do período imperial. Porém a preocupação real com a formação desses profissionais surge no contexto republicano. Várias universidades vão surgindo e implementando métodos de formação específicos. O pesquisador Saviani (2009, p. 149), aponta que nesse cenário de surgimento da república até os dias atuais a formação do professor foi conduzida por uma disputa metodológica. Desse modo, várias correntes de pensadores sempre defenderam tendências de maneira isolada, quando deveriam implementar várias metodologias diferentes ao mesmo tempo ou adaptá-las à realidade do educando. Observe o que ele diz sobre isso:
Em verdade, quando se afirma que a universidade não tem interesse pelo problema da formação de professores, o que se está querendo dizer é que ela nunca se preocupou com a formação específica, isto é, com o preparo pedagógico-didático dos professores. De fato, o que está em causa aí não é propriamente uma omissão da universidade em relação ao problema da formação dos professores, mas a luta entre dois modelos diferentes de formação. De um lado está o modelo para o qual a formação de professores propriamente dita se esgota na cultura geral e no domínio específico dos conteúdos da área de conhecimento correspondente à disciplina que o professor irá lecionar. Considera-se que a formação pedagógico-didática virá em decorrência do domínio dos conteúdos do conhecimento logicamente organizado, sendo adquirida na própria prática docente ou mediante mecanismos do tipo “treinamento em serviço”. Em qualquer hipótese, não cabe à universidade essa ordem de preocupações. A esse modelo se contrapõe aquele segundo o qual a formação de professores só se completa com o efetivo preparo pedagógico-didático. Em consequência, além da cultura geral e da formação específica na área de conhecimento correspondente, a instituição formadora deverá assegurar, de forma deliberada e sistemática por meio da organização curricular, a preparação pedagógico-didática, sem a qual não estará, em sentido próprio, formando professores(Saviani, 2009, p. 149).
Durante sua pesquisa o autor explica sobre as influências que acontecem na elaboração do currículo de formação do professor no Brasil. Como a sociedade civil não participa dessa elaboração e como a classe acadêmica não possui autonomia para tomar essas decisões, nesse contexto os modelos adotados no Brasil ainda estão presos à influência de dominação dos países anglo-saxônicos e franceses. O Brasil ainda não construiu conhecimentos e experiências que possam se desprender das visões eurocêntricas para se adaptar à sua realidade.
Embora já existam algumas literaturas que tratam sobre o tema da formação desses profissionais de Educação Física, ainda faltam políticas públicas que contemplem de forma concreta a formação do perfil desse profissional. Muitos desses educadores são profissionais licenciados que adaptaram o seu currículo para atuar na educação. A formação desses professores deve contemplar a questão da formação continuada, conforme explica Pellicano (2017, p.5), o Estado precisa construir políticas públicas que abarque essa questão. Dando a esses profissionais a oportunidade para se especializarem e garantindo uma valorização profissional. Segundo a autora acima:
Apenas recentemente a formação dos professores passou a ser reconhecida como uma modalidade ou habilitação nas Instituições de Ensino Superior e o delineamento do perfil do professor de Educação Física ainda está em construção, por não se conformar com o caráter universalista da formação de professores. A formação continuada faz-se importante, especialmente quando a Educação não foi contemplada na formação acadêmica inicial do professor. Para isso, entendemos que a formação de professores para a Educação Física se faz eficiente no permanente estudo, na troca de experiências, num espaço e num tempo de reflexão e de produção pedagógica onde o professor aprende e reconstrói seus saberes. Assume, assim, a responsabilidade por seu próprio desenvolvimento profissional e pessoal, participando como protagonista, num desafio constante para produzir conhecimentos e novas estratégias de ação, para construir novos saberes docentes, (re) significando sua prática. (Pellicano, 2017, p. 5).
Um profissional mais gabaritado e mais técnico pode desenvolver no ensino suas potencialidades. Conforme demonstra Pellicano (2017, p. 5), esse profissional ao ensinar seu público estará preparado para conectar o ensino teórico com a prática do dia a dia. Somente uma formação continuada pode produzir meios que garantam um ensino mais efetivo. A qualidade no ensino deve se pautar também na qualidade de formação dos educadores. A construção da identidade dos profissionais da Filosofia e da Educação Física, já ganharam várias delimitações, na sociedade, ao longo do tempo. A educação física, por exemplo, foi considerada, por muito tempo, apenas uma disciplina de culto ao corpo, depois passou a ser vista como uma parte da medicina, isso gerou alguns percalços em relação à construção de sua identidade. Ao longo dos anos filosofia e educação física transformaram a sociedade, sendo também moldadas pela ação do homem. A relação entre filosofia e educação física é profunda e essencial para a compreensão da área. Ao incorporar reflexões filosóficas, a educação física pode ampliar sua fundamentação teórica e promover uma formação mais integral dos indivíduos, respeitando suas dimensões físicas, cognitivas e éticas.
METODOLOGIA
O principal objetivo dessa pesquisa visa responder aos seguintes questionamentos: A Filosofia é importante para a compreensão e desenvolvimento da disciplina de Educação Física? Qual a relação da filosofia com a Educação Física. Objetivos específicos: Conhecer, analisar e comparar a relação e a importância que existe entre a filosofia e a educação física. Neste estudo, foi adotada como metodologia uma revisão da literatura por meio do Google Acadêmico. A pesquisa apresenta uma relação de artigos científicos em português e publicações em periódicos nacionais das últimas décadas, incluindo a revista Scielo. Textos que não se relacionavam com o tema foram eliminados. A abordagem da pesquisa foi qualitativa e descritiva. Sobre essa perspectiva qualitativa, Gil(1999) esclarece:
Há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem(Gil, 1999, p.42).
Os métodos descritivos têm como propósito principal elucidar as características de uma população ou de um fenômeno particular, bem como identificar relações entre diferentes variáveis. Para realizar esse tipo de pesquisa, é fundamental que o pesquisador possua um entendimento sólido sobre as variáveis que influenciam a questão investigada. Além de simplesmente reconhecer essas relações, alguns estudos descritivos também buscam esclarecer a essência dessas conexões(Selltiz et al, 1967).
Conforme explica a Secretaria Nacional de Segurança Pública(Senasp), no curso sobre metodologia científica para a elaboração de monografias(2020, p. 60), a natureza da pesquisa científica diz respeito à contribuição que o trabalho trará para a ciência, ou seja, sua finalidade. Podendo ser básicas ou aplicadas. Portanto, a seguinte pesquisa tem natureza aplicada, pois pretende servir de saber para a resolução de problemas específicos na área de educação, com ênfase na construção da identidade educacional.
A seguinte pesquisa utilizou o método dedutivo, analisando documentos e utilizando bibliografias. O proposto estudo foi baseado em uma pesquisa bibliográfica, também teve caráter explicativo. A documentação analisada foram livros, artigos científicos, documentos de monografias e periódicos sobre o tema. O presente artigo é fruto de uma pesquisa de tipo teórico com enfoque qualitativo e de nível bibliográfico. Toda análise se ancora em estudos, revistas sobre educação, periódicos e documentos acadêmicos que alicerçam todo o saber teórico abordado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi possível durante a pesquisa traçar um breve panorama da relação que existe entre as disciplinas de filosofia e educação física, quebrando velhos paradigmas que tentam desvincular teoria de prática, na área de educação. Segundo o pesquisador Oliveira (2010, p.57), a filosofia da educação mantém uma relação profunda entre as áreas do corpo humano e as áreas intelectivas. Além disso, também foi possível identificar vários pontos que demonstram a importância da filosofia para a área de Educação Física, considerando que para criação e elaboração de um ambiente que seja capaz de estabelecer aprendizagem significativa é necessário estar atrelado aos objetivos de aprendizagem.
Nessa linha de pensamento é importante que essas duas disciplinas estejam conectadas e em harmonia, promovendo juntas um bom desempenho entre as teorias e as práticas. Durante essa pesquisa ficou demonstrado como o saber crítico e filosófico está conectado com os conhecimentos práticos. O elo que une essas duas ciências ajuda a repensar parte do sistema educacional brasileiro. É fundamental que existam transformações que fundamentem a ação docente, garantindo uma educação que trabalhe corpo e mente de forma efetiva. Compreendendo as questões socioculturais de maneira crítica, reflexiva e problematizadora. O ensino da Filosofia na Educação Física é fundamental para que o ensino-aprendizagem, dessas duas áreas, supere modelos arcaicos e tradicionais de educação. Este artigo busca discutir como a filosofia contribui para a compreensão e aprimoramento da educação física, abordando aspectos históricos, epistemológicos e éticos.
O seguinte trabalho teve como principal objetivo demonstrar as relações existentes entre a Filosofia e a Educação Física. Buscando abordar as várias correntes teóricas que refletem sobre o ensino Filosofia teorizante na questão prática da educação física. Investigando a relação interdisciplinar existente entre essas duas áreas, mostrando as ligações e as relações presentes nelas. O seguinte artigo abordou uma perspectiva filosófica, analisando aspectos teóricos e conceituais. Tendo como foco as produções da literatura filosófica e as descritas correlações fundamentadas. Em relação a metodologia utilizada, todo o estudo foi evidenciado e fundamentado na análise do conteúdo. Outro ponto chave dessa pesquisa visou compreender os conceitos históricos da Filosofia e da Educação Física, com a finalidade de contextualizar seus aspectos básicos, abordando de maneira epistemológica a natureza do ensino recreativo e a teoria do conhecimento filosófico. A Filosofia interfere na construção do ensino, através de um olhar problematizador e reflexivo, enquanto que a educação física, também exerce influência no pensamento filosófico, por um viés motor e de coordenação. Nessa perspectiva, dialógica e dialética, entre essas duas áreas, emerge o ensino da Filosofia na área da educação física. Foi possível durante a pesquisa traçar um breve panorama da relação que existe entre essas duas disciplinas.
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