Lampião e o cangaço: uma guerra no sertão.

LAMPIÃO AND THE CANGAÇO: A WAR IN THE BACKLANDS

LAMPIÃO Y EL CANGAÇO: UNA GUERRA EN EL SERTANO

Autor

José Lindoberto Ferreira da Silva
ORIENTADOR
Prof. Dr. Alcenir Seixas dos Santos

URL do Artigo

https://iiscientific.com/artigos/FC4DE9

DOI

Silva, José Lindoberto Ferreira da . Lampião e o cangaço: uma guerra no sertão.. International Integralize Scientific. v 5, n 45, Março/2025 ISSN/3085-654X

Resumo

O devido trabalho busca propiciar novos conhecimentos referentes aos temas históricos que não são trabalhados de forma produtiva no decorrer do ano letivo, podendo a partir deles ter uma maior visão da realidade. O tema usado trás variadas possibilidades, abordando diversos aspectos da vida do personagem Virgulino Ferreira da Silva (Lampião), também denominado o “Senhor do Sertão” e “O Rei do Cangaço”. Um dos maiores líderes da história dos movimentos armados independentes do Brasil e do Cangaço, um dos últimos movimentos do nosso país. Um indivíduo de classe pobre que dominou por um longo período de tempo o Nordeste brasileiro. Além disso, o projeto busca refletir sobre as visões atribuídas a Lampião no decorrer da História.
Palavras-chave
O Cangaço. Lampião. Movimentos armados independentes do Brasil. Oligarquias no poder.

Summary

Due work seeks to provide new knowledge regarding historical themes not worked on productively during the school year, enabling them to gain a greater vision of reality. The theme used brings varied possibilities, addressing different aspects of the life of the character Virgulino Ferreira da Silva (Lampião), also called “Senhor do Sertão” and “O Rei do Cangaço”. One of the greatest leaders in the history of independent armed movements in Brazil and Cangaço, one of the last movements in our country. An individual from a poor class who dominated the Brazilian Northeast for a long period. Furthermore, the project seeks to reflect on the views attributed to Lampião throughout History.
Keywords
Cangaço. Lamp. Independent armed movements in Brazil. Oligarchies in power.

Resumen

El debido trabajo busca aportar nuevos conocimientos sobre temas históricos que no se trabajan productivamente durante el curso escolar, permitiéndoles obtener una mayor visión de la realidad. La temática utilizada ofrece variadas posibilidades, abordando diferentes aspectos de la vida del personaje Virgulino Ferreira da Silva (Lampião), también llamado “Senhor do Sertão” y “O Rei do Cangaço”. Uno de los mayores líderes de la historia de los movimientos armados independientes en Brasil y Cangaço, uno de los últimos movimientos en nuestro país. Un individuo de clase pobre que dominó el Nordeste brasileño durante un largo período. Además, el proyecto busca reflexionar sobre las visiones atribuidas a Lampião a lo largo de la Historia.
Palavras-clave
Cangaço. Lámpara. Movimientos armados independientes en Brasil. Oligarquías en el poder.

INTRODUÇÃO

O tema do artigo é de fundamental importância na formação do indivíduo como ser histórico. O mesmo torna-se essencial para a construção da identidade social e consciência histórica do sujeito. Compreender a História por meio de um tema permite uma maior clareza na compreensão de conteúdos, propiciando uma maior reflexão, sobretudo, no processo de ensino-aprendizagem.

O artigo menciona a figura imprescindível do líder Lampião e do famoso movimento do Cangaço, passando pelo período de sua existência, isto é, marcado por momentos difíceis, até as suas atuais facetas interpretativas e seu imensurável legado. A conjuntura do Cangaço ocorre em um contexto onde o “poder” era totalmente concentrado nas mãos das oligarquias, que, para alguns grupos, era visto como a face da violência em uma sociedade arcaica frente ao negativismo da modernidade.

A temática abordada abre espaço para a reflexão acerca da visão do povo nordestino que caracterizava o mais imponente líder do Cangaço como uma figura pré-revolucionária, que questionava e subvertia a ordem social de sua época e também de sua região, representando valores como bravura, heroísmo e senso de honra. O exemplo disso é que, na década de 90, a cidade de Serra Talhada pretendia levantar uma estátua em homenagem a Lampião, que ali nasceu. Esse fato reacendeu a discussão, visto como prova de que os cangaceiros se mantêm na memória popular, mesmo após tanto tempo.

Outro ponto para discussão é a questão atual sobre este importante personagem histórico, visto como ícone de liderança e estratégia, sendo lembrado na música, na moda, na Literatura de Cordel, no teatro, no cinema, em escolas, em museus, em conferências e debates. Uma figura histórica com lacunas a serem preenchidas por pesquisadores e curiosos sedentos por conhecimentos.

Diante disso, o estudo delimita-se a analisar o impacto histórico e cultural de Lampião e do Cangaço, destacando suas múltiplas interpretações ao longo do tempo e as diferentes formas de sua presença na memória coletiva. O problema central a ser investigado está na relevância e na complexidade da interpretação do Cangaço: qual o verdadeiro papel desse movimento na história do Brasil? Seria ele um reflexo da resistência popular contra a opressão das elites ou uma manifestação da própria violência social do período? Embora existam diversas abordagens sobre o tema, não há uma solução consolidada, pois o debate permanece aberto e sujeito a novas interpretações.

Para nortear a análise, o artigo propõe as seguintes perguntas: Qual a importância do Cangaço na formação da identidade nordestina? Como a figura de Lampião é representada em diferentes contextos históricos e culturais? O Cangaço pode ser considerado um movimento de resistência social ou apenas um fenômeno de banditismo regional?

A justificativa para a escolha deste tema reside na sua relevância histórica e cultural, uma vez que o Cangaço representa um capítulo significativo da história brasileira, com reflexos que ultrapassam o tempo e o espaço. A complexidade do tema permite explorar diferentes dimensões da sociedade nordestina, desde as estruturas de poder até as manifestações culturais populares. Além disso, a aplicabilidade da pesquisa está em sua capacidade de contribuir para o entendimento de processos históricos semelhantes em outros contextos. O diferencial deste estudo é a busca por uma análise crítica que vá além das interpretações tradicionais, oferecendo novas perspectivas sobre a figura de Lampião e o movimento do Cangaço. A motivação para este trabalho surge da necessidade de preencher lacunas historiográficas e de compreender como esse fenômeno ainda ressoa na cultura e na memória popular.

O objetivo geral do artigo é analisar o papel de Lampião e do movimento do Cangaço na formação da memória histórica e da identidade cultural do Nordeste brasileiro. Os objetivos específicos incluem: compreender o contexto histórico e social que deu origem ao Cangaço; identificar as diferentes interpretações sobre a figura de Lampião ao longo do tempo; e refletir sobre o legado do Cangaço nas manifestações culturais contemporâneas.

O estudo busca responder às seguintes questões fundamentais: O que foi o Cangaço? Para que serviu em seu contexto histórico? Como funcionavam suas dinâmicas sociais e políticas? A pesquisa inclui o exame de casos emblemáticos que demonstram tanto o impacto positivo do Cangaço na resistência cultural quanto seus aspectos negativos, como a perpetuação da violência e o uso da força como forma de poder. Por fim, o artigo pretende oferecer uma análise abrangente que contribua para uma compreensão mais profunda e crítica desse fenômeno histórico que continua a despertar o interesse de estudiosos e do público em geral.

 

A TRAJETÓRIA DE VIRGULINO FERREIRA DA SILVA (LAMPIÃO)

O mais famigerado líder do cangaço, Virgulino Ferreira da Silva (Lampião), que assim como a maioria dos sertanejos, tinha a família, a fé e o respeito em primeiro plano, virou cangaceiro como símbolo de revolta diante das injustiças sofridas pelo sistema ditatorial do “coronelismo” na sociedade da época. O Cangaço, uma luta revolucionária, em que os homens do grupo vagavam pelas cidades em busca de justiça e vingança pela falta de emprego, alimento e cidadania, causou o desordenamento da rotina dos camponeses. E também se tornou tema importante para o estudo das revoluções brasileiras.

Diante da relevância do tema, diversos estudos buscam compreender não apenas a trajetória dos cangaceiros, mas também os impactos sociopolíticos desse movimento no Brasil. O Cangaço é frequentemente abordado sob diferentes perspectivas, desde a visão dos sertanejos que viam os cangaceiros como heróis e protetores até a versão oficial do governo, que os retrata como criminosos perigosos. Além disso, há uma carência de estudos mais aprofundados sobre o papel das mulheres no Cangaço, bem como a relação dos cangaceiros com setores da elite local.

Os principais autores utilizados para o fundamento do artigo foram Semira Adler Vainsencher, que aborda de uma forma híbrida a vida do rei do cangaço, visto como um temido cangaceiro, indubitavelmente, o mais importante e carismático de todos, que deixou gravado nas caatingas sertanejas um pedaço da história do Nordeste. Antônio Carlos Olivieri, em sua obra O Cangaço, da coleção Guerras e Revoluções Brasileiras, destaca-se na literatura por retratar a tradição histórica e cultural do Cangaço. Além disso, aborda a valentia e o destemor dos bandos que agitaram os sertões do nordeste entre o final do século XIX e o início do século XX.

Tais obras são essenciais para compreender o contexto histórico e social do Cangaço, mas ainda há lacunas a serem exploradas, como a influência do movimento na cultura popular nordestina e seu reflexo na construção da identidade regional. Outro ponto relevante é a forma como Lampião e seu bando desenvolveram estratégias de sobrevivência, alianças e táticas militares que influenciaram outros movimentos de resistência no Brasil.

Na obra Lampião (Virgulino Ferreira da Silva), a autora aborda de maneira clara e detalhada a trajetória do mais famoso líder do cangaço. Semira Adler Vainsencher elabora uma biografia usando uma explanação coerente e pertinente desse personagem histórico, destacando seu propósito de lutar contra o sistema oligárquico de sua época.

 

Os denominados coronéis (os proprietários de terras) imperavam sob o peso da prepotência como os verdadeiros chefes políticos, sem nunca sofrer represálias porque a força do Estado estava sempre do seu lado. Neste sentido, eram eles que davam a palavra final, ou seja, elegem, destituíram, perseguiam, condenavam, absorviam, torturavam e matavam. (Vainsencher Semira Adler, 2003). Lampião (Virgulino Ferreira da Silva).

 

A autora comenta sobre os principais aspectos vigentes da época, sendo eles, econômicos, sociais e políticos. Vainsencher (2003) expõe a localização dos cangaceiros no Nordeste do Brasil, permitindo assim, o conhecimento de diversos detalhes sobre a vida no Cangaço. Narra todo o processo de perseguição até a emboscada na fazenda Angicos, situada no sertão de Sergipe, esconderijo de maior segurança, que resultou na morte de 11 cangaceiros, inclusive Lampião e Maria Bonita.

O episódio da fazenda Angicos marcou o fim simbólico do Cangaço, mas seu impacto perdura até os dias atuais. A memória do movimento continua sendo resgatada em manifestações culturais, como a literatura de cordel, o cinema e a música nordestina, demonstrando a relevância do tema para a identidade regional. Além disso, a abordagem do Cangaço sob novas perspectivas, como os estudos de gênero e etnicidade, pode ampliar a compreensão sobre o fenômeno e oferecer uma visão mais diversa e inclusiva sobre a história brasileira.

Dessa forma, o estudo do Cangaço se justifica não apenas pela necessidade de preservar a memória histórica do Nordeste, mas também pela importância de analisar as dinâmicas sociais e políticas que moldaram esse movimento. A partir da revisão da literatura existente e da identificação de lacunas no conhecimento, novas pesquisas podem aprofundar a compreensão sobre a influência do Cangaço na formação da sociedade brasileira.

 

LAMPIÃO, VIDA E MORTE

Vainsencher (2003) buscou tratar da história desse famoso cangaceiro com variados detalhes, desde o nascimento em 1897, e sua trajetória de vida dentro do cangaço, considerada a maior realização pessoal de Lampião. A intermediação do Padre Cícero Romão Batista que o fez adquirir a patente de capitão foi narrada em sua obra, além disso, o instigante encontro com Maria de Déa que se tornou esposa do cangaceiro, depois passou a ser chamada de “Maria do Capitão”, marcando a entrada das mulheres no Cangaço, e batizando-a de Maria Bonita.

Outros importantes eventos que marcaram a vida de Lampião são intensamente abordados, como o nascimento de sua filha Expedita, a destruição do Cangaço e a sua traição e morte, expressada de forma tão vívida, sobretudo na narrativa do ataque dos policiais do Tenente João Bezerra e do Sargento Aniceto Rodrigues da Silva, que abriram fogo com metralhadoras portáteis, e por fim, a famigerada história das cabeças decepadas que foram expostas em Maceió e, no sul do Brasil, durante 30 anos, ou seja, até 1968, no Museu Nina Rodrigues, em Salvador, na Bahia. Os corpos foram mutilados e ensanguentados, deixados a céu aberto para servirem de alimento aos urubus. Após décadas de protestos realizados, sobretudo, pelas famílias de Lampião, Maria Bonita e Corisco, no dia 6 de fevereiro de 1968, por ordem do governador Luís Viana Filho, e obedecendo ao código penal brasileiro que impõe o devido respeito aos mortos, as cabeças de Lampião e Maria Bonita foram sepultadas no cemitério da Quinta dos Lázaros, em Salvador. Em 13 de fevereiro, do mesmo ano, o governador autorizou, ainda, o sepultamento da cabeça e do braço de Corisco, e das cabeças de Canjica, Zabelê, Azulão e Marinheiro.

Por fim, Vainsencher conclui, expondo a grande inteligência de Virgulino Ferreira da Silva, bem como o seu valor como estrategista, aspecto este, que vale muito a pena ser ressaltado. Mais de oitenta anos após sua morte, ele continua sendo lembrado na música, na moda, na Literatura de Cordel, no teatro, nas quadrilhas, nos contos, no cinema, nos mitos e lendas populares, em escolas, em museus, em conferências e debates, e também, em diversos pontos turísticos e comerciais do Brasil. O temido cangaceiro, indubitavelmente, o mais importante e carismático de todos, deixou gravado nas caatingas sertanejas um importante pedaço da história do Nordeste brasileiro.

Apesar das inúmeras contribuições de Vainsencher para o entendimento da trajetória de Lampião, a história do Cangaço ainda apresenta lacunas que merecem atenção. O estudo da dinâmica entre os cangaceiros e os coronéis, por exemplo, ainda é pouco explorado, assim como o papel das mulheres no cangaço, que muitas vezes é subestimado, apesar da importância de figuras como Maria Bonita. A falta de uma abordagem mais detalhada sobre os aspectos culturais e sociais do Cangaço também é uma lacuna significativa. Embora Vainsenche aborde com profundidade a vida de Lampião, o movimento cangaceiro em sua totalidade, suas motivações, influências e consequências ainda não são totalmente compreendidos, especialmente em relação à formação da identidade nordestina e à resistência social no Brasil.

Além disso, o legado de Lampião e do Cangaço, que continua vivo na memória popular, carece de um estudo mais aprofundado sobre suas diversas representações culturais e simbólicas. O Cangaço se tornou não apenas um movimento de resistência, mas também um elemento fundamental na construção de mitos e lendas que perduram nas gerações atuais, sendo revisitado constantemente em diversas formas de expressão artística e cultural. Isso torna o estudo do Cangaço essencial para a compreensão de aspectos históricos, sociais e culturais que ainda influenciam a sociedade brasileira contemporânea.

Assim, o aprofundamento nos estudos sobre o Cangaço e suas múltiplas facetas é fundamental para preencher as lacunas existentes e compreender mais amplamente a importância desse fenômeno na história do Brasil. O estudo do Cangaço, como movimento social e cultural, contribui para uma melhor compreensão das complexas relações de poder no Brasil rural e do impacto dessa resistência popular na formação do país.

 

O CANGAÇO E A GUERRA NO SERTÃO

Na obra o cangaço: guerras e revoluções brasileiras, Antônio Carlos Olivieri aborda o conflito armado através de uma narrativa histórica onde foram citados aspectos como a seca do sertão nordestino, os sertanejos, que era um grupo formado por gente simples, rústica e sem luxo. Ademais, o coronelismo que exerciam o poder político, os jagunços que eram boiadeiros que passavam a exercer um estilo de vida miliciano, os cangaceiros, vistos como bando de camponeses pobres que habitam os desertos do nordeste, vestindo roupas de couro e chapéus, além de carregar carabinas, revólveres, espingardas e facas longas estreitas conhecidas como peixeiras.

A origem do cangaço tem suas marcas a partir do século XIX, atingindo seu auge por volta do início do século XX, marcado pela ação do bando de Antônio Silvino, e seu fim, na década de 1940, quando foi morto o cangaceiro Corisco, no interior da Bahia. Durante a enigmática história do Cangaço, um homem destacou-se, aquele que se tornou a personificação do movimento, por ser líder de uma quadrilha que atuou por quase duas décadas em diversos estados do Nordeste: Virgulino Ferreira da Silva, o célebre Lampião. 

Olivieri (2006) ratifica em sua obra Lampião e o Cangaço, a fama de Lampião no Nordeste do Brasil apontando que:

 

De 1917 a 1938, esse cangaceiro aterrorizou regiões dos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, transformando-se num mito. Para os camponeses pobres, era uma mistura de bandido, herói, vingador, esperança e pavor. Lampião foi a personificação do cangaço, um fenômeno típico do Nordeste e do Brasil da época – o século XIX e o início do XX. Para compreender o fenômeno, o homem e a época, é preciso lembrar muita coisa a respeito daqueles dias, conhecer bem a região e a sociedade onde os fatos se passaram. (Olivieri, 2006, P. 5)

 

Nas obras de Olivieri, tanto personagens quanto contexto e conjuntura são fortemente ressaltados. Diversos aspectos e desdobramentos do Cangaço ao longo dos anos são também citados, como: introdução ao cangaço, áreas de localização e alcance, o processo de crescimento do bando, os ataques às fazendas e cidades, enfrentamentos à polícia, denominada “Volante” e também as fugas dela. Personagens e eventos históricos importantes do Brasil paralelos a esse movimento armado são comumente mencionados. Por exemplo, o contato com o Padre Cícero, o enfrentamento à Coluna Prestes, a Revolução de 1930, o encontro com Maria Bonita, primeira mulher a participar do bando, a Revolução Constitucionalista de 1932, chegando ao seu fim, ficando marcado como um dos últimos movimentos de luta armada e da classe pobre do nosso país, que dominou por um longo período de tempo o Nordeste brasileiro.

No entanto, é importante destacar que, apesar da profundidade das análises de Olivieri, ainda existem lacunas significativas na compreensão do Cangaço. Um ponto que merece mais investigação é a dinâmica interna dos bandos de cangaceiros, como as alianças e as tensões entre seus membros, que moldaram a resistência ao coronelismo e à opressão do Estado. A obra não explora amplamente o impacto das condições de vida no sertão e como as desigualdades sociais ajudaram a formar a ideologia e os objetivos do movimento cangaceiro. A conexão entre o Cangaço e as lutas por direitos sociais, como a distribuição de terras e a criação de políticas públicas para a população do sertão, também merece mais atenção.

Em 1937, Corisco, que havia rompido com Lampião, graças a divergências na forma de conduzir o grupo, ficou altamente abalado e enfurecido com o massacre em Angico, com isso, despertou novamente em si a amizade que o unia ao antigo companheiro, iniciando uma perseguição implacável contra os delatores de Lampião. O grupo já não tinha a coesão dos antigos tempos. Corisco foi morto pela polícia em 1940, encerrando-se a era dos cangaceiros, no entanto, a miséria, a concentração de renda e de terras e o mandonismo dos coronéis, condições que alimentaram o cangaço, continuaram no sertão.

Ainda hoje, o legado dos cangaceiros, especialmente de Lampião, desperta discussões sobre sua verdadeira natureza: heróis ou bandidos? Olivieri, ao apresentar o conflito armado de forma clara e acessível, permite ao leitor entrar em contato com os principais agentes do conflito e entender as complexas tramas e interesses envolvidos. Contudo, o autor não se aprofunda nas implicações socioculturais desse questionamento, que continua sendo uma questão relevante para o estudo da memória histórica e das narrativas sobre o cangaço. A pesquisa sobre como a figura do cangaceiro é construída e ressignificada nas diversas camadas da sociedade brasileira ao longo do tempo também é um campo ainda pouco explorado.

O autor finaliza sua obra questionando a polêmica sobre o fato de o cangaceiro ser herói ou bandido, ressaltando a década de 1990 e a cidade de Serra Talhada, que pretendia levantar uma estátua em homenagem a Lampião, que ali nasceu. Esse fato reacendeu a discussão, prova de que os cangaceiros se mantêm na memória popular, apesar de tanto tempo transcorrido. No entanto, é necessário um estudo mais aprofundado sobre como a cultura popular e as manifestações artísticas, como a música, o teatro e a literatura de cordel, têm sido essenciais na formação desse imaginário coletivo e na preservação da memória dos cangaceiros. A importância dessas representações culturais não pode ser subestimada, pois elas são fundamentais para entender como o Cangaço se tornou um símbolo de resistência e, ao mesmo tempo, um dos maiores mitos da história nordestina.

Em suma, os estudos sobre o Cangaço, como as obras de Olivieri, são essenciais para entender não apenas a história de um movimento de resistência popular, mas também as profundas desigualdades sociais e políticas que o alimentaram. As lacunas existentes sobre as questões socioculturais, a vida interna dos bandos e a construção da memória histórica do Cangaço tornam esses estudos ainda mais pertinentes e necessários para uma compreensão mais ampla e detalhada do impacto do Cangaço na sociedade brasileira.

 

A EXPANSÃO DO MOVIMENTO, A CULTURA E O LEGADO DO CANGAÇO

Sem dúvida nenhuma, o Cangaço é um movimento emblemático da história do país. Para algumas pessoas, esses homens são considerados heróis, uma vez que tentavam romper com a ordem política existente e ao mesmo tempo acabar ou ao menos amenizar as mazelas das pessoas de seu bando, que viviam marginalizados, já que o governo não lhes dava nenhuma assistência. Crianças e jovens buscavam o grupo atraídos pelas histórias de lutas que ouviam e pelo sonho de uma vida sem miséria e repleta de aventuras. Já para outros, não passavam de brutais assassinos, sem nenhuma compaixão, uma vez que, matavam aqueles que atravessavam seus caminhos; dessa forma, suas ações violentas alimentavam o desejo de vingança. Parentes das vítimas de estupro e assassinato, maridos cujas esposas abandonaram o lar para seguir os cangaceiros, agricultores e comerciantes revoltados com os saques promovidos pelo grupo ingressavam na polícia para combater o bando de Lampião. A luta contra o grupo motivou também a multiplicação das volantes, comandadas por um sargento ou tenente, que percorriam o sertão combatendo os cangaceiros.

Embora os cangaceiros sejam amplamente reconhecidos como figuras icônicas da história do Brasil, é fundamental que mais estudos sejam realizados sobre as motivações sociais e econômicas que levaram ao surgimento do movimento. O papel do Cangaço como uma forma de resistência social e política, por exemplo, é ainda pouco abordado de maneira abrangente. A relação entre o Cangaço e as condições de extrema pobreza, a luta por justiça social e a ausência de políticas públicas para os sertanejos precisa ser explorada de forma mais profunda. Além disso, a figura de Lampião e sua ascensão como líder do movimento merecem um estudo mais detalhado, principalmente no que diz respeito à sua inteligência estratégica e à construção de sua imagem como símbolo de resistência e ousadia.

Lampião e os cangaceiros vestiam-se com ostentação e ousadia. Seus trajes eram cheios de ornamentos e adereços com cores vivas, chapéus imensos com enfeites de medalhas de ouro e prata em meio a variados signos presentes nas poucas peças autênticas de uso dos cangaceiros. Esse aspecto cultural do cangaço também levanta questões sobre a identidade nordestina e como os cangaceiros ajudaram a moldar o imaginário popular da época. A análise desses trajes e símbolos, e como eles influenciaram a percepção da sociedade sobre os cangaceiros, ainda carece de mais estudo, especialmente em relação ao impacto que tiveram na formação de mitos populares.

A linguagem do cangaço ainda influencia o dialeto das pessoas até os dias atuais, continuando sendo metáforas e nunca foram esquecidas pelo povo nordestino. Os cangaceiros viviam na região da caatinga, sendo exímios conhecedores desse tipo de vegetação, o que facilitava a sua fuga das autoridades que estavam sempre a lhes perseguir. Atuavam nas cidades dos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Ao chegarem às cidades, pediam recursos e ajuda aos moradores locais. Aos que se recusavam a ajudar o bando, sobrava a violência. Como não seguiam as leis estabelecidas pelo governo, eram perseguidos pelos policiais. Quando um integrante do grupo morria, seu apelido era adotado por um novato. Esta era uma das razões que fazia os cangaceiros parecerem invencíveis, pois os nomes eram imortais.

Essa perpetuação das identidades dos cangaceiros levanta uma discussão interessante sobre o conceito de imortalidade cultural e histórica. O fenômeno do “nome imortal” mostra a resistência da memória popular e como a cultura popular tem o poder de transformar figuras históricas em símbolos, transcendendo o tempo. A maneira como as gerações atuais mantêm a memória do Cangaço viva, muitas vezes através de heróis e vilões, reforça a necessidade de estudos que analisem como esses símbolos são ressignificados no contexto social e político contemporâneo.

Em Serra Talhada, Pernambuco, a história do Cangaço continua viva através de museus, grupos de xaxado, música, dança, artesanato e literatura. O Museu do Cangaço/Centro de Estudos e Pesquisa do Cangaço, com um dos maiores acervos do Brasil, com fotografias, objetos da época, armas, documentos como bilhetes escritos pelo próprio punho de Lampião, uma biblioteca com livros raros, teses, monografias, versos de cordéis, laudos médicos e raios-X das cabeças dos cangaceiros quando decepadas pela polícia, matérias de jornais de várias épocas enfocando Lampião e o Cangaço, documentos em DVDs, sala de estudo e loja de artesanato. Desse modo, a Fundação Cabras de Lampião resgata as memórias do cangaço através de eventos, teatros e festivais. Esse resgate cultural é uma das formas mais eficazes de manter viva a história dos cangaceiros, mas ainda há uma necessidade de documentar e preservar outras formas de resistência social relacionadas ao Cangaço, que muitas vezes são negligenciadas.

Para resgatar a cultura do cangaço e manter viva a história dos cangaceiros, a Fundação Cabras de Lampião desempenha um papel extremamente importante através de eventos, teatros e festivais. A contribuição da Fundação para o fortalecimento da identidade cultural da região é fundamental para compreender como o Cangaço ainda reverbera na sociedade atual. No entanto, seria interessante expandir o alcance dessas iniciativas para outras regiões, promovendo um diálogo mais amplo sobre o Cangaço no Brasil e suas repercussões ao longo do tempo.

O cangaço é um dos principais temas mais explorados na Literatura de Cordel, pequenos folhetos impressos em pequenas oficinas e ilustrados em xilogravuras, onde se contam histórias de aventuras em versos, na linguagem própria da gente do sertão. Essa literatura é uma rica fonte de informações sobre o Cangaço, mas ainda há um campo de estudo a ser explorado, que envolve a análise das variações regionais dessa literatura e a maneira como ela perpetua os mitos sobre os cangaceiros, muitas vezes desafiando ou complementando os relatos históricos.

Cangaceiros como Antônio Silvino, Lampião e Corisco são apresentados como heróis, menos frequentemente como bandidos violentos. Os autores dos versos costumam atribuir-lhes qualidades sobrenaturais, como a proteção de Deus ou dos santos, ou a coragem invencível em combate com o diabo. O estudo mais aprofundado sobre essas representações culturais pode ajudar a compreender a visão popular sobre o Cangaço e como ela contribui para a construção da identidade nordestina e brasileira.

De acordo com Maciel (2012),

 

Apesar do ambiente rústico em que viviam, os cangaceiros preocupavam-se com sua estética, a ponto de Pernambucano de Mello lembrar que “a virilidade não se sentia ameaçada quando os cabeludos do bando, que não eram poucos, prendiam os cabelos com marrafas, espécie de pente típico da toucadora feminina”. (MACIEL, 2012, p.8)

 

A fotografia teve também grande importância no cangaço, e é surpreendente que nesta época, em uma região onde predominou a oralidade sobre o visual, os cangaceiros deixaram uma grande quantidade de documentos fotográficos, que testemunham um dos episódios mais violentos da história brasileira. Lampião, durante todo o período em que reinou no sertão, fez questão de registrar por meio de fotografias alguns momentos de sua vida. Quando morreu, foi encontrada uma grande quantidade de fotografias, algumas eram de pessoas mais próximas, outras de cangaceiros de seu grupo, mortos em combates. Podemos notar em Maciel (2012, p. 13) que “o chefe do Cangaço, Lampião, também se preocupava com a sua imagem e publicidade, deixando-se fotografar e filmar pelo libanês Benjamim Abrahão, permitindo assim, permanecer vivo na memória nacional”. Essas imagens não só documentam eventos históricos, mas também revelam a estratégia de Lampião em controlar sua imagem pública. Isso abre uma lacuna significativa no campo da análise da imagem pública e da mídia na época, pois as fotografias deixadas por Lampião podem ser vistas como uma forma de “marketing” pessoal, usada para perpetuar sua figura e reforçar sua presença na memória popular. A importância dessas imagens é um campo que merece ser mais explorado, principalmente na forma como elas ajudaram a consolidar a figura de Lampião, construindo e mantendo o mito ao longo do tempo.

As obras e os autores se relacionam de forma íntima ao desenvolvimento desta pesquisa, aumentando assim o saber do leitor em relação ao personagem Lampião (Virgulino Ferreira da Silva) e do Cangaço, de modo que ampliem sua visão e curiosidade mediante os diferentes aspectos abordados pelos autores, seja ele no âmbito histórico da resistência dos cangaceiros ou no ponto de vista atual. No entanto, o estudo do Cangaço ainda padece de uma análise mais detalhada sobre como o movimento influenciou a formação da identidade cultural nordestina, e de que maneira a figura de Lampião e seus feitos estão inseridos no contexto da luta pela justiça social e pela busca de cidadania, especialmente no que tange à relação com o coronelismo e a opressão dos sertanejos. Falta, portanto, uma análise mais aprofundada sobre o impacto duradouro que o Cangaço teve na cultura e na política da região.

É notório que o levante do Cangaço no sertão nordestino é conhecido em escala mundial. Apesar dos esforços oficiais de apagá-lo da memória do povo brasileiro, permanece vivo no imaginário popular, cercado de mitos e lendas, cantado pelos poetas de cordéis. A literatura de cordel, que tem o Cangaço como um de seus temas centrais, precisa ser vista também como uma forma de resistência cultural. Contudo, ainda há a necessidade de estudar com mais profundidade como a literatura de cordel ajudou a preservar e difundir o Cangaço, além de analisar como as representações populares do movimento podem ter sido distorcidas ou reinterpretadas ao longo das décadas. Lembrado com vigor, sobretudo, pela figura emblemática de Lampião, que ainda causa admiração por suas façanhas e mantém acesa a polêmica em torno do heroísmo e da perversidade dos cangaceiros, o estudo dessas representações continua sendo um tema central na pesquisa sobre o Cangaço. A polarização entre heróis e bandidos, que ainda persiste no imaginário popular, demanda um aprofundamento na análise de como os cangaceiros foram vistos em diferentes momentos históricos e como suas ações, muitas vezes violentas, foram e são justificadas ou condenadas, dependendo da perspectiva.

 

METODOLOGIA

O delineamento da pesquisa deste artigo é de natureza qualitativa, com enfoque descritivo e exploratório. A pesquisa qualitativa permite uma compreensão mais profunda e interpretativa do fenômeno histórico do Cangaço e da figura de Lampião, considerando suas múltiplas facetas culturais, sociais e políticas. O método adotado é o histórico-analítico, que busca interpretar eventos passados e suas implicações no presente, promovendo uma análise crítica das fontes e das representações construídas ao longo do tempo.

O objeto de estudo deste trabalho é o movimento do Cangaço, com ênfase na liderança de Lampião e no impacto desse fenômeno na formação da identidade cultural e histórica do Nordeste brasileiro. O estudo abrange tanto o contexto histórico em que o Cangaço se desenvolveu quanto suas representações contemporâneas na memória popular, na cultura e na historiografia.

As estratégias metodológicas utilizadas envolvem a análise documental e bibliográfica. A pesquisa documental baseia-se em fontes primárias e secundárias, como registros históricos, jornais da época, documentos oficiais, relatos de testemunhas e depoimentos orais. Já a pesquisa bibliográfica é fundamentada em obras acadêmicas, artigos científicos, livros de historiadores renomados, teses, dissertações e estudos sobre o tema.

Quanto à natureza da pesquisa, trata-se de um estudo de caráter teórico e empírico, que visa compreender o fenômeno do Cangaço em suas diversas dimensões. No que diz respeito ao problema, a pesquisa é classificada como exploratória, pois busca identificar e analisar questões ainda abertas sobre o tema, ampliando o debate acadêmico e popular em torno da figura de Lampião e do movimento do Cangaço.

Em relação aos objetivos, a pesquisa é descritiva e analítica. Descritiva porque busca detalhar as características do Cangaço e de seu líder, e analítica porque pretende interpretar os significados históricos e culturais associados ao tema, bem como suas repercussões na sociedade contemporânea.

Quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa utiliza a análise de conteúdo e a hermenêutica histórica. A análise de conteúdo permite identificar padrões, categorias e interpretações recorrentes nas fontes pesquisadas, enquanto a hermenêutica histórica contribui para a compreensão do contexto e das narrativas construídas ao longo do tempo.

As hipóteses que norteiam o estudo partem da premissa de que o Cangaço não pode ser reduzido a um simples fenômeno de banditismo, mas deve ser entendido como um movimento social complexo, marcado por dinâmicas de resistência e contestação da ordem vigente. As variáveis analisadas incluem aspectos como poder, resistência, identidade cultural, memória histórica e representações sociais.

As técnicas aplicadas na coleta e análise dos dados envolvem a pesquisa em bases de dados acadêmicas, revisão de literatura e análise documental. As principais bases de dados utilizadas foram: SciELO, Google Scholar, Periódicos CAPES, Dialnet, e Redalyc, além de acervos digitais de museus e bibliotecas especializadas em história do Brasil e cultura nordestina.

Os descritores utilizados nas buscas incluíram termos como: Lampião, Cangaço, história do Cangaço, Nordeste brasileiro, banditismo social, identidade cultural nordestina, memória histórica, Virgulino Ferreira, resistência social, cultura popular nordestina, entre outros. A combinação desses descritores possibilitou o acesso a uma ampla variedade de fontes relevantes para o aprofundamento da análise do tema proposto.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste estudo foi analisar o papel de Lampião e do movimento do Cangaço na formação da memória histórica e da identidade cultural do Nordeste brasileiro. A pesquisa procurou compreender o contexto histórico e social que deu origem ao Cangaço, identificar as diferentes interpretações sobre a figura de Lampião ao longo do tempo e refletir sobre o legado do Cangaço nas manifestações culturais contemporâneas. Ao longo do estudo, ficou evidente que o Cangaço, como um movimento de resistência e rebeldia, teve um impacto profundo não apenas na história política do Brasil, mas também na construção da memória coletiva do Nordeste.

O Cangaço, em sua forma de “banditismo”, representou uma luta armada das classes mais pobres contra o sistema de poder vigente, caracterizado pelo coronelismo e pela opressão. A figura de Lampião, por meio de suas ações e de sua imagem, se perpetuou ao longo do tempo, alimentando uma narrativa que mistura heroísmo e violência. O movimento do Cangaço se tornou um símbolo das desigualdades sociais e da resistência popular, sendo até hoje lembrado de diferentes formas, seja pela literatura de cordel, pelas músicas, ou pela cultura popular nordestina. A exposição das cabeças dos cangaceiros, inclusive, pode ser vista como uma tentativa dos governos e coronéis de silenciar e deslegitimar os movimentos de resistência, mas também como uma forma de marcar a memória social com o objetivo de afirmar o controle sobre a narrativa da história.

Quanto ao legado de Lampião, é notável que sua figura ainda seja considerada um ícone do Cangaço e do Nordeste brasileiro, sendo lembrado com grande intensidade nas manifestações culturais e nas discussões sobre o papel dos cangaceiros na história do Brasil. Mesmo mais de oitenta anos após sua morte, a memória de Lampião se mantém viva, gerando questionamentos sobre sua figura e sua atuação como líder e estrategista, e mantendo a polêmica sobre sua posição como herói ou bandido. A história do Cangaço continua a influenciar a cultura brasileira, sendo um tema central para os estudiosos e uma parte fundamental da identidade cultural do Nordeste.

Para pesquisas futuras, seria interessante explorar de forma mais aprofundada a relação entre o Cangaço e a construção das identidades sociais e políticas no Nordeste, especialmente no que diz respeito à resistência cultural e às suas representações em diferentes momentos históricos. Além disso, é relevante investigar como a imagem de Lampião foi moldada e transformada ao longo do tempo, tanto pelos que o viam como herói quanto pelos que o consideravam um criminoso. Estudar as continuidades e rupturas entre o Cangaço e movimentos sociais posteriores, como os grupos armados urbanos ou os movimentos de resistência das décadas seguintes, também pode trazer novas perspectivas sobre o legado do Cangaço na luta por justiça social no Brasil.

Essas direções de pesquisa podem ampliar a compreensão sobre a importância do Cangaço não apenas como um fenômeno histórico, mas também como uma constante fonte de inspiração e reflexão sobre as lutas sociais e culturais no Brasil.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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FRANÇA, C. S. Produção do conhecimento histórico: história/ VII/Cyntia Simioni França. – São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.

OLIVEIRA, A. C. Brasil – História – O Cangaço (Guerras e Revoluções Brasileiras – Ensino Fundamental).  – São Paulo: Ática, 1998.

OLIVEIRA, A. C. Brasil – História – Lampião e o Cangaço – São Paulo: Ática, 2006.

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Silva, José Lindoberto Ferreira da . Lampião e o cangaço: uma guerra no sertão..International Integralize Scientific. v 5, n 45, Março/2025 ISSN/3085-654X

Referencias

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v. 67
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Disponível em: https://academic.oup.com/cid/article/67/7/1208/6141108.
Acesso em: 2024-09-03.

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Lampião e o cangaço: uma guerra no sertão.

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