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Resumo
INTRODUÇÃO
INCLUSÃO DIGITAL
De acordo com Dupas (2000), a exclusão social é um fenômeno multidimensional que vai além da dimensão da pobreza. Essa perspectiva ampla considera fatores como desemprego estrutural, precarização do trabalho, desqualificação social e falta de acesso a bens e serviços. A exclusão social não se limita apenas à esfera econômica, mas também envolve aspectos sociais, culturais e políticos.
Um dos guias de referência bibliográfica para os alunos foram as Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo Web (WCAG) 2.2, que abrangem diversas recomendações com a finalidade de tornar o conteúdo da Web mais acessível. Eles seguiram essas diretrizes para tornar o conteúdo acessível a um número maior de pessoas com deficiência, incluindo indivíduos com cegueira e baixa visão, surdez e baixa audição, dificuldades de aprendizagem, limitações cognitivas, limitações de movimentos, incapacidade de fala, fotossensibilidade e combinações dessas características. O intuito dos trabalhos foi deixar o conteúdo da web mais acessível aos usuários em geral seguindo as diretrizes estudadas.
A acessibilidade web constitui o tema central na era digital atual, essencial para garantir que todos, independentemente de suas capacidades físicas ou cognitivas, possam usufruir plenamente dos recursos disponíveis online. Este artigo explora profundamente a relevância da acessibilidade web na promoção da inclusão digital, destacando não apenas sua importância teórica, mas também práticas concretas implementadas pelos alunos por meio da construção de websites na conclusão do curso técnico de informática da ETEC Adhemar Batista Heméritas.
A iniciativa desses alunos por meio de uma aprendizagem colaborativa, permitiu desenvolver websites acessíveis como parte de seus Trabalhos de Conclusão de Curso, não apenas exemplificando o potencial transformador da acessibilidade web, mas também demonstrando como iniciativas locais podem catalisar mudanças expressivas na promoção da inclusão digital. Este estudo se baseia em uma revisão abrangente da literatura sobre diretrizes nacionais e internacionais de acessibilidade, além de explorar estudos de caso que ilustram os benefícios tanto individuais quanto sociais da implementação de práticas acessíveis.
Ao estudar os desafios enfrentados na implementação dessas práticas, são discutidas estratégias viáveis para superá-los, visando construir um ambiente digital inclusivo e acessível que beneficie toda a sociedade. Este trabalho não apenas informa sobre a importância da acessibilidade web, mas também propõe reflexões e ações concretas para promover um acesso equitativo e eficaz aos recursos digitais, fortalecendo assim a base de conhecimento e práticas inclusivas no âmbito acadêmico.
APRENDIZAGEM COLABORATIVA: UMA ABORDAGEM EFICAZ PARA O ENSINO
A aprendizagem colaborativa é uma abordagem educacional que enfatiza a interação entre os alunos para atingir objetivos comuns de aprendizado. Segundo Johnson e Johnson (1999), essa metodologia promove um ambiente em que os estudantes compartilham conhecimentos, resolvem problemas em grupo e desenvolvem habilidades sociais e cognitivas essenciais para o aprendizado. A colaboração entre os alunos não apenas facilita a troca de informações e a construção conjunta de conhecimento, mas também incentiva a autonomia e o pensamento crítico, pois os participantes são desafiados a argumentar, debater e refletir sobre suas ideias e as dos colegas (Gokhale, 1995). Dessa forma, a aprendizagem colaborativa transforma a dinâmica de sala de aula em um espaço de cooperação e engajamento mútuo, o que pode levar a um entendimento mais profundo dos conteúdos abordados. Se faz necessário favorecer espaços de interação, de construção de aprendizagens e o desenvolvimento máximo das capacidades dos alunos, de maneira a prepará-los para compreender o mundo e suas relações sociais. As novas gerações estão em um sistema cultural que dá muita importância às tecnologias da informação e da comunicação, transmitindo novos valores, conhecimentos e ações, a forma como se desenvolvem e a importância que se dá no contexto familiar e escolar vão depender fortemente de cada grupo social. (RODRIGUÉZ, Y. G. & DOMÍNGEZ, S.C. 2016, p.11).
Além dos benefícios acadêmicos, a aprendizagem colaborativa também contribui para o desenvolvimento de competências interpessoais importantes para o futuro profissional dos alunos. De acordo com Smith e MacGregor (1992), ao trabalhar em grupos, os estudantes desenvolvem habilidades como comunicação eficaz, liderança e resolução de conflitos, que são altamente valorizadas no mercado de trabalho. Além disso, o modelo colaborativo de aprendizagem reflete práticas do mundo real, em que a cooperação e a troca de conhecimentos são essenciais para a realização de projetos complexos e para a inovação. Assim, a aprendizagem colaborativa não só melhora o desempenho acadêmico, mas também prepara os alunos para enfrentar desafios profissionais e sociais de maneira mais eficiente e colaborativa (Bruffee, 1999).
ACESSIBILIDADE WEB: REVISÃO DOS PADRÕES WCAG E SEUS BENEFÍCIOS
A acessibilidade web é uma área crucial para garantir que a internet seja inclusiva para todas as pessoas, independentemente de suas habilidades ou deficiências. As Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo Web (WCAG, do inglês Web Content Accessibility Guidelines) são padrões internacionais desenvolvidos pelo World Wide Web Consortium (W3C) para promover a acessibilidade digital. Este artigo realiza uma revisão detalhada da literatura atual sobre acessibilidade web, com foco nas versões mais recentes das WCAG e em estudos que demonstram os benefícios da implementação de práticas de acessibilidade para os alunos e seus Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs).
As WCAG são organizadas em quatro princípios fundamentais: Perceptível, Operável, Compreensível e Robusto (W3C, 2024). Cada princípio é detalhado em uma série de diretrizes e critérios de sucesso, com o objetivo de criar conteúdo web acessível a todos os usuários, incluindo aqueles com deficiências visuais, auditivas, motoras e cognitivas (W3C, 2024).
PRINCÍPIOS DAS WCAG
A versão mais recente, WCAG 2.2, publicada em 2024, introduziu novos critérios para melhorar a acessibilidade para pessoas com deficiências cognitivas e de baixa visão, complementando as diretrizes da WCAG 2.1 com diretrizes adicionais focadas em especificidades como leitura e compreensão de texto e navegação mais intuitiva (W3C, 2024).
BENEFÍCIOS DA IMPLEMENTAÇÃO DAS WCAG
Estudos demonstram que a implementação das WCAG pode levar a melhorias significativas na acessibilidade e usabilidade dos sites.
Além dos benefícios diretos, a aplicação das WCAG, também pode fomentar uma cultura de acessibilidade entre os desenvolvedores e usuários, promovendo um entendimento mais amplo das necessidades das pessoas com deficiências e estimulando a criação de tecnologias mais inclusivas para todos.
A IMPORTÂNCIA DA ACESSIBILIDADE
A internet é parte integrante da vida moderna e é essencial que todos possam acessar e usar recursos online facilmente. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, aproximadamente 1 bilhão de pessoas em todo o mundo vivem com algum tipo de deficiência, o que se traduz em cerca de 15% da população global. Além disso, à medida que a população global envelhece, a necessidade de sites com design acessível só continuará crescendo. Ao incorporar recursos de acessibilidade ao design do site, os alunos podem garantir que seu conteúdo seja utilizável por todos, independentemente de suas habilidades. Segundo Nogueira (2024), “a implementação de boas práticas de acessibilidade não se trata apenas de atender às necessidades das pessoas com deficiência, mas também de promover uma experiência inclusiva para todos os usuários, independentemente de suas habilidades ou circunstâncias” (NOGUEIRA, 2024).
A EXPERIÊNCIA DOS ALUNOS DA ETEC ADHEMAR BATISTA HEMÉRITAS NA CRIAÇÃO DE SITES ACESSÍVEIS
A aprendizagem colaborativa é um método pedagógico que enfatiza o trabalho conjunto entre alunos para alcançar objetivos comuns e promover um entendimento mais profundo dos conteúdos abordados. De acordo com Dillenbourg (1999), a aprendizagem colaborativa é “um processo onde o conhecimento é construído de forma conjunta por meio de interações entre os alunos, permitindo que eles compartilhem experiências e estratégias para resolver problemas e alcançar objetivos comuns” (Dillenbourg, 1999, p. 6).
Este conceito foi fundamental para a metodologia adotada pelos alunos do curso técnico de Informática da ETEC Adhemar Batista Heméritas, que se engajaram em um projeto de desenvolvimento de websites acessíveis como parte de seus Trabalhos de conclusão de curso (TCCs). O trabalho colaborativo entre os alunos, bem como a aplicação prática das diretrizes de acessibilidade, proporcionou uma rica experiência de aprendizado e contribuiu para a criação de sites que exemplificam os princípios da acessibilidade web.
METODOLOGIA ADOTADA PELOS ALUNOS
Os alunos foram orientados a seguir um processo estruturado que envolvia a colaboração entre equipes e a aplicação de conceitos teóricos em um ambiente prático. A metodologia adotada foi dividida em etapas interativas que refletiam a essência da aprendizagem colaborativa.
Pesquisa e Planejamento: Os alunos iniciaram o projeto com uma pesquisa sobre as WCAG 2.2, e as melhores práticas de acessibilidade web. Durante esta etapa, eles colaboraram para explorar os princípios das diretrizes e compartilharam insights sobre como aplicá-los efetivamente em seus projetos (Dillenbourg, 1999).
Visita a sites: Os alunos visitaram também sites de referência sobre acessibilidade, como o KidsWish, que foi projetado com uma navegação amigável ao teclado e elementos de formulário claramente rotulados, tornando a experiência do usuário mais intuitiva e acessível.
Desenvolvimento do Site: Durante a fase de desenvolvimento, os alunos aplicaram as diretrizes WCAG, garantindo que todos os elementos do site fossem percepcionáveis, operáveis, compreensíveis e robustos. Entre as práticas aplicadas estavam a inclusão de texto alternativo para imagens, a garantia de que o site fosse navegável por teclado e a estruturação lógica do conteúdo.
Testes de Acessibilidade: Após o desenvolvimento, os sites foram submetidos a testes de acessibilidade utilizando ferramentas como WAVE, além de avaliações manuais e feedback de alunos com deficiências na própria escola. Este processo de testes ajudou a identificar e corrigir problemas antes da entrega final.
Avaliação e Feedback: Os alunos apresentaram seus projetos para professores e colegas, recebendo feedback que foi utilizado para realizar ajustes finais e melhorar a acessibilidade dos sites. Segundo (Dillenbourg, 1999), a troca de feedback e a reflexão conjunta sobre os projetos desenvolvem aspectos fundamentais da aprendizagem colaborativa.
RESULTADOS OBTIDOS
Os projetos apresentados, resultaram em uma série de sites que demonstraram a eficácia das práticas de acessibilidade e os benefícios da abordagem colaborativa. Os principais resultados foram:
EXEMPLOS DE SITES DESENVOLVIDOS
A seguir, são apresentados exemplos de sites desenvolvidos pelos alunos que exemplificam as práticas de acessibilidade e os resultados alcançados:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A experiência dos alunos da ETEC Adhemar Batista Heméritas em desenvolver sites acessíveis ilustra a aplicação prática das diretrizes WCAG e os benefícios de uma abordagem colaborativa para a aprendizagem. A metodologia adotada e os resultados obtidos destacam a eficácia das práticas de acessibilidade e a importância de estratégias educacionais que promovam a colaboração e a aplicação real dos conhecimentos teóricos.
O estudo demonstra que a acessibilidade web é uma responsabilidade coletiva que pode ser promovida através de iniciativas acadêmicas e práticas, e que a aplicação das diretrizes WCAG oferecem um caminho claro para alcançar uma internet mais acessível para todos.
As experiências dos alunos servem como um exemplo valioso de como a teoria pode ser transformada em práticas concretas que beneficiam a comunidade e contribuem para uma web mais inclusives.
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