Desafios e abordagens atuais na odontologia para pacientes com necessidades especiais.

CURRENT CHALLENGES AND APPROACHES IN DENTISTRY FOR PATIENTS WITH SPECIAL NEEDS

DESAFÍOS Y ENFOQUES ACTUALES EN ODONTOLOGÍA PARA PACIENTES CON NECESIDADES ESPECIALES

Autor

Marcelo Macahiba Colloca
ORIENTADOR
Profa. Dra. Sabrine Canonici Macário de Carvalho

URL do Artigo

https://iiscientific.com/artigos/666E70

DOI

Colloca, Marcelo Macahiba . Desafios e abordagens atuais na odontologia para pacientes com necessidades especiais.. International Integralize Scientific. v 5, n 47, Maio/2025 ISSN/3085-654X

Resumo

A odontologia para pacientes com necessidades especiais (PNE) é uma área crucial que demanda abordagens adaptadas e conhecimento especializado. Esta revisão integrativa objetiva analisar os desafios e as abordagens atuais no manejo odontológico de PNE, com base na literatura científica publicada entre 2020 e 2025. Foram consultadas as bases de dados SciELO, LILACS, PubMed e Google Scholar. Os resultados indicam que os principais desafios incluem barreiras de acesso, manejo comportamental complexo e a necessidade de planos de tratamento individualizados. As abordagens contemporâneas enfatizam o atendimento humanizado, técnicas de condicionamento, manejo farmacológico criterioso e a importância da equipe multidisciplinar. Novas tecnologias como teleodontologia e inteligência artificial mostram potencial, mas requerem mais estudos. Conclui-se que a capacitação profissional contínua e políticas públicas efetivas são essenciais para garantir a saúde bucal e a qualidade de vida dos PNE.
Palavras-chave
odontologia para pacientes com necessidades especiais; manejo odontológico; saúde bucal; inclusão; revisão integrativa.

Summary

Dentistry for patients with special needs (PSN) is a crucial area that demands adapted approaches and specialized knowledge. This integrative review aims to analyze the current challenges and approaches in the dental management of PSN, based on scientific literature published between 2020 and 2025. SciELO, LILACS, PubMed, and Google Scholar databases were consulted. The results indicate that the main challenges include access barriers, complex behavioral management, and the need for individualized treatment plans. Contemporary approaches emphasize humanized care, conditioning techniques, judicious pharmacological management, and the importance of the multidisciplinary team. New technologies such as teledentistry and artificial intelligence show potential but require further studies. It is concluded that continuous professional training and effective public policies are essential to ensure the oral health and quality of life of PSN.
Keywords
special needs dentistry; dental management; oral health; inclusion; integrative review.

Resumen

La odontología para pacientes con necesidades especiales (PNE) es un área crucial que exige enfoques adaptados y conocimientos especializados. Esta revisión integradora tiene como objetivo analizar los desafíos y enfoques actuales en el manejo odontológico de la ENP, con base en la literatura científica publicada entre 2020 y 2025. Se consultaron las bases de datos SciELO, LILACS, PubMed y Google Scholar. Los hallazgos indican que los desafíos clave incluyen barreras de acceso, manejo conductual complejo y la necesidad de planes de tratamiento individualizados. Los enfoques contemporáneos enfatizan la atención humanizada, las técnicas de acondicionamiento, el manejo farmacológico cuidadoso y la importancia del equipo multidisciplinario. Nuevas tecnologías como la teleodontología y la inteligencia artificial muestran potencial, pero requieren más estudio. Se concluye que la formación profesional continua y políticas públicas efectivas son fundamentales para garantizar la salud bucal y la calidad de vida de las ENP.
Palavras-clave
odontología para pacientes con necesidades especiales; gestión dental; salud bucal; inclusión; revisión integrativa.

INTRODUÇÃO

A odontologia para pacientes com necessidades especiais (PNE) representa um campo de crescente importância e complexidade dentro das ciências da saúde. Engloba o atendimento a indivíduos que, devido a condições físicas, médicas, de desenvolvimento ou cognitivas, requerem abordagens odontológicas modificadas e um cuidado especializado para garantir sua saúde bucal e qualidade de vida (Najeeb; Islam, 2025). A prevalência de condições que resultam em necessidades especiais tem aumentado, tornando crucial que os profissionais de odontologia estejam preparados para oferecer um atendimento inclusivo, humanizado e eficaz a essa população diversificada.

A justificativa para um enfoque aprofundado na odontologia para PNE reside nos múltiplos desafios enfrentados tanto pelos pacientes e seus familiares quanto pelos profissionais de saúde. Barreiras de acesso ao tratamento, dificuldades de comunicação e cooperação durante os procedimentos, a necessidade de manejo comportamental e farmacológico adaptado, e a maior prevalência de certas condições orais são apenas alguns dos obstáculos a serem superados (Østberg et al., 2024). Além disso, a falta de conhecimento específico e de treinamento adequado por parte de alguns cirurgiões-dentistas pode comprometer a qualidade do atendimento e a saúde bucal desses pacientes. Diante desse cenário, a atualização constante e a busca por melhores práticas são imperativas.

O presente artigo tem como objetivo realizar uma revisão integrativa da literatura científica publicada nos últimos cinco anos (2020-2025) sobre os desafios e as abordagens atuais no manejo odontológico de pacientes com necessidades especiais. Busca-se, por meio desta revisão, identificar as melhores práticas clínicas, discutir as estratégias de manejo comportamental e farmacológico, analisar o papel das novas tecnologias e da equipe multidisciplinar, e apontar perspectivas futuras para a área, visando contribuir para a melhoria da assistência odontológica prestada a essa parcela significativa da população.

REVISÃO DE LITERATURA

A odontologia para pacientes com necessidades especiais (PNE) abrange uma vasta gama de condições que podem impactar significativamente a saúde bucal e a capacidade do indivíduo de receber cuidados odontológicos convencionais. A conceituação de PNE em odontologia refere-se a qualquer condição física, de desenvolvimento, médica, sensorial, mental, cognitiva ou emocional que limite uma ou mais das principais atividades da vida e exija acomodações ou modificações no tratamento odontológico padrão (Najeeb; Islam, 2025; Khan et al., 2022). Esta definição ampla inclui, mas não se limita a, indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), Paralisia Cerebral (PC), Síndrome de Down, deficiências intelectuais, distúrbios sensoriais (como deficiência visual), condições médicas complexas como cardiopatias congênitas, distúrbios hematológicos, e pacientes oncológicos ou transplantados (Khan et al., 2020).

Diversas condições e síndromes demandam atenção odontológica especializada. Pacientes com TEA, por exemplo, frequentemente apresentam hipersensibilidade sensorial, dificuldades de comunicação e comportamentos repetitivos que podem tornar o ambiente odontológico e os procedimentos particularmente desafiadores (Østberg et al., 2024). O manejo do bruxismo em indivíduos com TEA e Síndrome de Down também representa um desafio clínico específico, exigindo abordagens personalizadas (Khan et al., 2024c). Indivíduos com Paralisia Cerebral podem exibir movimentos involuntários, espasticidade muscular e dificuldades de controle motor, exigindo adaptações na cadeira odontológica e técnicas de estabilização. Pacientes com Síndrome de Down frequentemente apresentam anomalias dentárias, doença periodontal de início precoce e macroglossia, necessitando de um plano de tratamento individualizado e preventivo.

Os desafios comuns no atendimento odontológico a PNE são multifacetados. Barreiras de acesso ao tratamento incluem não apenas a disponibilidade de profissionais capacitados e clínicas adaptadas, mas também fatores socioeconômicos, geográficos e as percepções dos gestores de centros de reabilitação sobre programas de educação em saúde oral (Khan et al., 2024a; Fazli et al., 2024). As dificuldades de comunicação e cooperação são frequentes, exigindo paciência, empatia e o uso de técnicas de comunicação aumentativa e alternativa. O manejo comportamental é uma pedra angular no atendimento a PNE, variando desde técnicas de distração e reforço positivo até a necessidade de manejo farmacológico, como sedação consciente ou anestesia geral, para permitir a realização de procedimentos de forma segura e eficaz (Østberg et al., 2024). Além disso, muitas condições de base estão associadas a manifestações orais específicas, como maior risco de cárie devido a dietas restritivas ou medicações xerostômicas, doença periodontal exacerbada por dificuldades de higiene oral, ou maloclusões e anomalias dentárias. A necessidade de adaptação de técnicas e materiais odontológicos é constante, visando minimizar o estresse do paciente e otimizar os resultados do tratamento.

As abordagens e estratégias atuais no manejo clínico de PNE enfatizam um atendimento humanizado, centrado no paciente e individualizado. Técnicas de condicionamento comportamental, como a dessensibilização sistemática e o método “dizer-mostrar-fazer”, são frequentemente empregadas para aumentar a aceitação do tratamento. O uso de tecnologias assistivas, como pranchas de comunicação, aplicativos e instruções de higiene oral em Braille para deficientes visuais, pode facilitar a interação e o autocuidado (Khan et al., 2025; Khan et al., 2024b). Protocolos de prevenção e promoção da saúde bucal devem ser rigorosamente implementados e adaptados às capacidades individuais de cada paciente, com forte ênfase na educação e no treinamento de familiares e cuidadores, que desempenham um papel crucial na manutenção da higiene oral diária. A importância da equipe multidisciplinar, envolvendo médicos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos e assistentes sociais, é cada vez mais reconhecida para um planejamento terapêutico integral e coordenado.

Avanços recentes e tecnologias emergentes prometem otimizar ainda mais o cuidado odontológico a PNE. A teleodontologia, por exemplo, pode facilitar o acesso a consultas de triagem, orientação e acompanhamento, especialmente para pacientes com mobilidade reduzida ou que residem em áreas remotas. A inteligência artificial (IA) tem sido explorada para auxiliar no diagnóstico de lesões cariosas e outras patologias orais a partir de imagens radiográficas e fotográficas, bem como no planejamento de tratamentos restauradores e ortodônticos personalizados. A fabricação aditiva (impressão 3D) também oferece potencial para a criação de dispositivos e guias cirúrgicos customizados, melhorando a precisão e a segurança dos procedimentos. A implementação de tecnologias assistivas específicas para indivíduos com deficiências sensoriais também representa uma oportunidade significativa para melhorar o acesso e a qualidade do cuidado oral (Khan et al., 2025).

METODOLOGIA

O presente estudo configurou-se como uma revisão integrativa da literatura, com o objetivo de sintetizar o conhecimento atual sobre os desafios e abordagens no manejo odontológico de pacientes com necessidades especiais. A revisão integrativa permite a combinação de dados de estudos com diferentes metodologias, possibilitando uma compreensão mais abrangente do fenômeno investigado.

A busca pelos artigos científicos foi realizada durante o mês de maio de 2025, contemplando publicações do período entre janeiro de 2020 e maio de 2025, de modo a garantir a inclusão das evidências mais recentes. As bases de dados eletrônicas consultadas foram: Scientific Electronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), PubMed e Google Scholar. Estas bases foram selecionadas por sua abrangência e relevância nas áreas de ciências da saúde e odontologia.

Para a busca dos artigos, foram utilizados os seguintes descritores, combinados com operadores booleanos (AND, OR), tanto em português quanto em inglês: “odontologia para pacientes com necessidades especiais”, “manejo odontológico PNE”, “desafios odontologia PNE”, “atendimento odontológico especializado”, “special needs dentistry”, “dental care for special needs patients”, “clinical management special needs dentistry”, “oral health special needs”.

Os critérios de inclusão para a seleção dos estudos foram: artigos originais, revisões sistemáticas, revisões narrativas, estudos de caso relevantes que apresentassem contribuições significativas, diretrizes clínicas e consensos de sociedades de especialistas, publicados no período estipulado (2020-2025), nos idiomas português ou inglês, e que abordassem diretamente o manejo clínico, os desafios, as estratégias de tratamento ou as abordagens terapêuticas na odontologia para pacientes com necessidades especiais. Foram excluídos artigos publicados antes de 2020, editoriais, cartas ao editor, resumos de congressos, teses e dissertações não publicadas em formato de artigo, e estudos que não se relacionavam diretamente com o tema central da pesquisa.

O processo de seleção dos artigos ocorreu em etapas. Inicialmente, foi realizada a leitura dos títulos e resumos para identificar os estudos potencialmente relevantes. Em seguida, os artigos pré-selecionados foram lidos na íntegra para verificar o atendimento aos critérios de inclusão. A extração dos dados dos artigos incluídos foi realizada de forma padronizada, contemplando informações sobre autores, ano de publicação, tipo de estudo, objetivos, principais resultados e conclusões. A análise dos dados foi conduzida de forma descritiva e qualitativa, buscando identificar os temas emergentes, as convergências e divergências entre os estudos, e as lacunas no conhecimento existente. A síntese dos resultados foi organizada de acordo com os principais eixos temáticos definidos na estrutura deste artigo.

DISCUSSÃO

A presente revisão integrativa da literatura, abrangendo o período de 2020 a 2025, permitiu identificar e analisar os desafios persistentes e as abordagens contemporâneas no manejo odontológico de pacientes com necessidades especiais (PNE). Os achados corroboram a complexidade inerente a este campo da odontologia, que exige não apenas conhecimento técnico especializado, mas também uma profunda sensibilidade e capacidade de adaptação por parte dos profissionais (Khan et al., 2022).

Um dos pontos centrais que emergem da literatura é a heterogeneidade da população de PNE. Condições como o Transtorno do Espectro Autista (TEA), Paralisia Cerebral (PC), Síndrome de Down e deficiências sensoriais, entre muitas outras, apresentam manifestações e necessidades odontológicas distintas, o que reforça a imprescindibilidade de planos de tratamento altamente individualizados (Najeeb; Islam, 2025; Khan et al., 2020). A literatura recente continua a enfatizar a importância de uma anamnese detalhada e de uma avaliação criteriosa das condições sistêmicas, comportamentais e sociais de cada paciente para o sucesso terapêutico.

Os desafios no manejo comportamental permanecem como uma temática proeminente. A ansiedade, o medo e as dificuldades de comunicação e cooperação são barreiras significativas (Østberg et al., 2024). O manejo do bruxismo em indivíduos com TEA e Síndrome de Down, por exemplo, requer abordagens específicas e muitas vezes multidisciplinares (Khan et al., 2024c). Nesse sentido, as abordagens não farmacológicas, como técnicas de “dizer-mostrar-fazer”, dessensibilização sistemática, reforço positivo e o uso de comunicação aumentativa e alternativa, são consistentemente recomendadas como primeira linha de intervenção. Contudo, a necessidade de manejo farmacológico, incluindo sedação consciente e anestesia geral, é frequentemente indispensável para viabilizar tratamentos mais invasivos ou em pacientes com maior grau de comprometimento. A decisão pelo uso dessas técnicas deve ser criteriosa, baseada em protocolos seguros e, idealmente, em ambiente hospitalar ou ambulatorial com suporte adequado.

A importância da prevenção e da promoção da saúde bucal em PNE é outro aspecto crucial destacado. Muitos desses pacientes apresentam maior risco para o desenvolvimento de cárie dentária e doença periodontal, seja por dificuldades motoras que comprometem a higiene oral, dietas específicas, uso de medicações com efeitos colaterais (como xerostomia) ou menor acesso a cuidados preventivos regulares. Programas educativos direcionados a pacientes, familiares, cuidadores e até mesmo gestores de centros de reabilitação comunitária são fundamentais para melhorar os resultados em saúde bucal (Khan et al., 2024a; Khan et al., 2024b). A aplicação tópica de flúor e selantes de fossas e fissuras, adaptados à capacidade de cooperação do indivíduo, também são medidas preventivas importantes.

A integração da equipe multidisciplinar é cada vez mais reconhecida como um fator determinante para a qualidade do atendimento odontológico a PNE. A colaboração entre cirurgiões-dentistas, médicos (pediatras, neurologistas, psiquiatras), fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos e assistentes sociais permite uma visão holística do paciente e um planejamento terapêutico mais abrangente e eficaz. A comunicação efetiva entre esses profissionais e com a família é essencial para alinhar expectativas e garantir a continuidade do cuidado.

No que tange aos avanços tecnológicos, a literatura aponta para um potencial crescente, embora a implementação prática ainda enfrente desafios. A teleodontologia surge como uma ferramenta promissora para ampliar o acesso, especialmente para consultas de orientação, triagem e acompanhamento (Najeeb; Islam, 2025). A inteligência artificial, embora em estágios iniciais de aplicação na odontologia para PNE, demonstra potencial para auxiliar no diagnóstico e planejamento. O uso de tecnologias assistivas específicas para indivíduos com deficiências sensoriais, como instruções em Braille, também representa uma oportunidade significativa para melhorar o acesso e a qualidade do cuidado oral (Khan et al., 2025). Contudo, é crucial que a incorporação dessas tecnologias seja acompanhada de estudos que validem sua eficácia e segurança nesta população específica, além de considerar as questões éticas e de acessibilidade.

Uma lacuna importante identificada na literatura é a necessidade de mais estudos longitudinais que avaliem o impacto a longo prazo de diferentes abordagens terapêuticas e preventivas em PNE. Além disso, pesquisas que explorem a perspectiva dos próprios pacientes (quando possível) e de seus familiares sobre as experiências no tratamento odontológico são fundamentais para humanizar ainda mais o cuidado. A identificação de barreiras específicas ao acesso a cuidados de saúde bucal em diferentes contextos, como em instalações de cuidados residenciais para idosos, também é crucial para o desenvolvimento de estratégias de intervenção eficazes (Fazli et al., 2024). A formação e a capacitação contínua dos cirurgiões-dentistas e de suas equipes auxiliares no atendimento a PNE também se mostram como um ponto crítico, que necessita de maior investimento por parte das instituições de ensino e dos órgãos de classe.

A discussão sobre a inclusão e o direito à saúde bucal dos pacientes com necessidades especiais perpassa todos esses aspectos. Garantir um atendimento odontológico de qualidade, acessível e humanizado não é apenas uma questão técnica, mas um imperativo ético e social. Isso implica na remoção de barreiras arquitetônicas, comunicacionais e atitudinais, bem como na formulação e implementação de políticas públicas que priorizem a saúde bucal dessa população vulnerável (Khan et al., 2022).

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

A revisão integrativa da literatura científica dos últimos cinco anos (2020-2025) sobre o atendimento odontológico a pacientes com necessidades especiais (PNE) evidencia a contínua evolução e os desafios persistentes nesta área fundamental da saúde. Conclui-se que o manejo eficaz de PNE exige uma abordagem multifacetada, que transcende a aplicação de técnicas odontológicas convencionais e incorpora um profundo entendimento das condições médicas, comportamentais e sociais de cada indivíduo.

Os principais desafios identificados mantêm-se centrados nas barreiras de acesso, na complexidade do manejo comportamental e na necessidade de adaptação constante dos protocolos clínicos. A literatura reforça a importância de estratégias individualizadas, que priorizem a comunicação efetiva, o condicionamento do paciente e, quando necessário, o uso criterioso de abordagens farmacológicas para viabilizar o tratamento. A prevenção e a promoção da saúde bucal, com forte envolvimento de familiares e cuidadores, continuam sendo pilares para a melhoria da qualidade de vida dessa população.

As abordagens atuais destacam a imprescindibilidade de um atendimento humanizado, ético e inclusivo. A atuação da equipe multidisciplinar é fundamental para um planejamento terapêutico integral, e a capacitação contínua dos profissionais de odontologia é crucial para garantir a oferta de um cuidado qualificado e atualizado. Embora as novas tecnologias, como a teleodontologia e a inteligência artificial, apresentem um potencial promissor para otimizar o atendimento, sua implementação efetiva e baseada em evidências na odontologia para PNE ainda requer maior desenvolvimento e pesquisa.

Perspectivas futuras apontam para a necessidade de fortalecimento de políticas públicas que garantam o acesso universal e equitativo aos serviços de saúde bucal para PNE. É imperativo fomentar a pesquisa científica na área, com foco em estudos longitudinais e na avaliação de intervenções que melhorem os desfechos clínicos e a experiência do paciente. A consolidação da odontologia para pacientes com necessidades especiais como uma área de conhecimento e prática essencial, valorizada e integrada aos sistemas de saúde, é o caminho para assegurar o direito à saúde bucal e a uma vida com mais dignidade para todos os indivíduos, independentemente de suas condições.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Colloca, Marcelo Macahiba . Desafios e abordagens atuais na odontologia para pacientes com necessidades especiais..International Integralize Scientific. v 5, n 47, Maio/2025 ISSN/3085-654X

Referencias

BAILEY, C. J.; LEE, J. H.
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v. 67
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Disponível em: https://academic.oup.com/cid/article/67/7/1208/6141108.
Acesso em: 2024-09-03.

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