Redução do estresse e ansiedade em cavalos atletas criados em ambiente intensivo com a presença de ovinos terapeutas

REDUCING STRESS AND ANXIETY IN ATHLETIC HORSES RAISED IN ANA INTENSIV ENVIRONMENT WITH THE PRESENCE OF THERAPEUTIC SHEEP

REDUCCIÓN DEL ESTRÉS Y LA ANSIEDAD EN CABALLOS DE ATLETISMO CRIADOS EM UN AMBIENTE INTENSIVO CON PRESENCIA DE OVEJAS TERAPÉUTICAS

Autor

Maxwel Claudino de Souza
ORIENTADOR
Prof. Dr. Daniel Laiber Bonadiman

URL do Artigo

https://iiscientific.com/artigos/4CE4CE

DOI

Souza, Maxwel Claudino de. Redução do estresse e ansiedade em cavalos atletas criados em ambiente intensivo com a presença de ovinos terapeutas. International Integralize Scientific. v 5, n 47, Maio/2025 ISSN/3085-654X

Resumo

A criação intensiva de cavalos atletas impõe desafios significativos ao bem-estar dos animais, com destaque para o estresse e a ansiedade, que afetam diretamente sua saúde física e comportamental. A interação com outras espécies, como ovinos, tem sido explorada como uma abordagem inovadora para mitigar esses efeitos negativos. O objetivo deste estudo foi investigar os impactos da convivência com ovinos no bem-estar de cavalos atletas, abordando aspectos fisiológicos, comportamentais e metabólicos. A pesquisa envolveu uma revisão de literatura sobre fatores de estresse nos equinos e os benefícios da socialização interespécies. A análise dos dados mostrou que a presença de ovinos pode reduzir o estresse, melhorar o comportamento alimentar e promover maior estabilidade emocional nos cavalos. Conclui-se que a convivência com ovinos é uma estratégia eficaz de manejo para melhorar o bem-estar de cavalos atletas em ambientes intensivos, contribuindo para a modulação positiva de seu comportamento e saúde metabólica.
Palavras-chave
estresse equino; convivência interespécies; bem-estar animal; cavalos atletas; manejo sustentável.

Summary

Intensive breeding of athletic horses poses significant challenges to the animals’ welfare, particularly stress and anxiety, which directly affect their physical and behavioral health. Interaction with other species, such as sheep, has been explored as an innovative approach to mitigate these negative effects. The aim of this study was to investigate the impacts of living with sheep on the welfare of athletic horses, addressing physiological, behavioral, and metabolic aspects. The research involved a literature review on stress factors in horses and the benefits of interspecies socialization. Data analysis showed that the presence of sheep can reduce stress, improve feeding behavior, and promote greater emotional stability in horses. It is concluded that living with sheep is an effective management strategy to improve the welfare of athletic horses in intensive environments, contributing to the positive modulation of their behavior and metabolic health.
Keywords
equine stress; interspecies coexistence; animal welfare; athletic horses; sustainable management.

Resumen

La cría intensiva de caballos deportivos impone desafíos importantes al bienestar de los animales, particularmente estrés y ansiedad, que afectan directamente a su salud física y conductual. Se ha explorado la interacción con otras especies, como las ovejas, como un enfoque innovador para mitigar estos efectos negativos. El objetivo de este estudio fue investigar los impactos de la convivencia con ovejas en el bienestar de los caballos atléticos, abordando aspectos fisiológicos, conductuales y metabólicos. La investigación implicó una revisión de la literatura sobre los factores de estrés en los caballos y los beneficios de la socialización entre especies. El análisis de datos mostró que la presencia de ovejas puede reducir el estrés, mejorar el comportamiento alimentario y promover una mayor estabilidad emocional en los caballos. Se concluye que la coexistencia con ovejas es una estrategia de manejo eficaz para mejorar el bienestar de los caballos atléticos en ambientes intensivos, contribuyendo a la modulación positiva de su comportamiento y salud metabólica.
Palavras-clave
estrés equino; coexitencia interespecies; bienestar animal; caballos atléticos; gestión sustentable.

INTRODUÇÃO

O estresse e a ansiedade em cavalos atletas criados em ambientes intensivos têm se tornado uma preocupação crescente entre profissionais da medicina veterinária, zootecnia e bem-estar animal. Esses animais, frequentemente expostos a altas exigências de treinamento, transporte contínuo e confinamento, podem desenvolver distúrbios comportamentais e fisiológicos, os quais comprometem não só seu desempenho, mas também sua saúde mental e física. Embora o manejo convencional tenha se mostrado eficiente em termos de produção e performance, ele nem sempre é suficiente para promover o bem-estar integral dos equinos, que depende de uma abordagem mais holística e atenta às suas necessidades emocionais.

Dentro desse contexto, surgem alternativas terapêuticas baseadas no uso de animais para promover o bem-estar de outros, com destaque para a prática de zooterapia. A zooterapia, ou terapia com animais, tem sido aplicada para auxiliar no tratamento de distúrbios emocionais e comportamentais em diversas espécies, sendo utilizada tanto em humanos quanto em animais de várias espécies. Uma abordagem promissora e ainda pouco explorada é o uso de ovinos terapeutas, animais pacíficos e sociais, em interação com cavalos atletas, como uma forma de reduzir o estresse e a ansiedade desses equinos. Essa prática sugere que a convivência com ovinos poderia criar um ambiente mais calmo e harmonioso, favorecendo o relaxamento dos cavalos e, consequentemente, melhorando sua saúde mental e desempenho atlético.

A questão central deste estudo é investigar se a presença de ovinos terapeutas pode, de fato, reduzir os níveis de estresse e ansiedade em cavalos atletas criados em regimes intensivos. A hipótese que guia este trabalho é que a convivência controlada entre cavalos e ovinos em ambientes de criação intensiva tem o potencial de diminuir as respostas fisiológicas e comportamentais associadas ao estresse nos equinos. Além disso, acredita-se que essa interação interespécies pode promover uma adaptação emocional mais favorável aos cavalos, permitindo que eles enfrentem de forma mais equilibrada os desafios impostos por seus regimes de treinamento.

A justificativa para a realização deste estudo está na necessidade urgente de se buscar alternativas de manejo que promovam o bem-estar animal de forma eficaz e sustentável. O estresse crônico nos cavalos atletas está frequentemente relacionado ao surgimento de problemas de saúde, como lesões musculares, problemas respiratórios e digestivos, além de alterações comportamentais como agressividade e agitação. A introdução de ovinos terapeutas poderia representar uma solução inovadora e de baixo custo para mitigar esses efeitos negativos, contribuindo para a saúde física e emocional dos equinos. Além disso, a pesquisa sobre práticas terapêuticas interespécies pode abrir novos horizontes para o manejo de outros animais de produção e esporte, gerando impacto significativo na prática veterinária e no bem-estar dos animais.

O objetivo geral deste estudo é realizar uma revisão de literatura sobre os efeitos da presença de ovinos terapeutas na redução do estresse e da ansiedade em cavalos atletas criados em ambientes intensivos. Para atingir esse objetivo, serão estabelecidos alguns objetivos específicos, como: compreender os fatores que causam estresse e ansiedade nos cavalos atletas, analisar os impactos fisiológicos e comportamentais do estresse nesses animais, identificar práticas terapêuticas alternativas e avaliar o efeito da convivência com ovinos no contexto do bem-estar equino.

A metodologia a ser empregada será uma revisão de literatura narrativa, por meio da qual serão coletados e analisados estudos publicados sobre o estresse e a ansiedade em cavalos atletas, bem como sobre o uso de ovinos em terapias zooterapêuticas. Serão consultadas bases de dados como Scopus, PubMed, ScienceDirect, Scielo e Google Scholar, utilizando descritores como “cavalos atletas”, “estresse em equinos”, “bem-estar animal”, “zooterapia interespécies” e “ovinos terapeutas”. A seleção dos artigos será pautada pela relevância, qualidade metodológica e atualidade das publicações. A análise será realizada de forma descritiva, com a comparação dos resultados encontrados nos estudos selecionados, visando identificar as evidências mais consistentes sobre os efeitos terapêuticos da interação entre cavalos e ovinos.

Este trabalho, ao investigar uma prática inovadora e pouco explorada, tem o potencial de contribuir para o desenvolvimento de estratégias de manejo mais humanas e eficazes, que considerem não apenas o desempenho atlético dos cavalos, mas também seu bem-estar emocional. Espera-se que os resultados desta revisão possam fornecer uma base científica sólida para futuras investigações experimentais e para a implementação de protocolos terapêuticos voltados à redução do estresse em cavalos atletas, oferecendo novos caminhos para a medicina veterinária e o cuidado animal.

OS FATORES QUE CAUSAM ESTRESSE E ANSIEDADE NOS CAVALOS ATLETAS

Os cavalos atletas estão sujeitos a diversos fatores estressores que comprometem seu bem-estar físico e mental. Um dos principais elementos causadores de estresse é o manejo alimentar inadequado, que pode resultar em distúrbios comportamentais e fisiológicos. Dietas mal formuladas, com desequilíbrio entre fibras e concentrados, afetam diretamente o comportamento ingestivo e podem desencadear frustrações e estereotipias, como movimentos repetitivos e mastigação fantasiosa, devido à falta de estímulo durante a alimentação (Ferreira et al., 2022; Gonçalves; Costa, 2023). Além disso, a ingestão de alimentos de forma acelerada, comum em dietas peletizadas, reduz o tempo de alimentação e aumenta a ansiedade, comprometendo o bem-estar do animal (Costa; Ribeiro, 2024).

Outro fator relevante está relacionado às práticas intensivas de treinamento e confinamento, que, embora visem otimizar o desempenho atlético, muitas vezes desconsideram as necessidades comportamentais e sociais dos equinos. Cavalos são animais altamente sociais e sensíveis a mudanças de rotina, à ausência de interações e ao isolamento. O confinamento prolongado e a ausência de enriquecimento ambiental geram monotonia, frustração e agressividade, elevando os níveis de cortisol e afetando negativamente o sistema imunológico (Silva; Pereira, 2023). Além disso, a falta de contato visual ou físico com outros cavalos ou animais pode desencadear quadros de ansiedade generalizada, reduzindo a capacidade de adaptação ao ambiente.

Aspectos nutricionais específicos também estão diretamente relacionados ao estresse em equinos atletas. A presença de distúrbios metabólicos, como a síndrome metabólica equina e a disfunção insulínica, é agravada por dietas hiperglicêmicas e pobres em fibras, comprometendo o comportamento alimentar e aumentando a sensibilidade ao estresse (Kim; Gomez, 2023). Além disso, pesquisas recentes apontam que o tipo de gordura da dieta influencia o comportamento emocional dos equinos. Dietas ricas em ácidos graxos ômega-3, por exemplo, podem ter efeito calmante e contribuir para a redução de comportamentos estressantes, enquanto dietas desequilibradas podem intensificar a excitabilidade e a irritabilidade (Lee; Barker, 2024).

As práticas de manejo que ignoram abordagens integrativas e preventivas contribuem para o acúmulo de estressores crônicos. A ausência de práticas complementares, como o uso de terapias alternativas e enriquecimento sensorial, impede uma abordagem ampla e eficaz no cuidado dos cavalos atletas. Técnicas como a acupuntura, por exemplo, têm se mostrado promissoras na modulação do estresse e no equilíbrio do sistema nervoso autônomo, oferecendo uma alternativa segura e eficaz para complementar os cuidados tradicionais (Smith; Wang, 2023). Nesse sentido, o manejo alimentar, o ambiente físico, o treinamento e a integração de terapias naturais devem ser considerados de forma conjunta para garantir o bem-estar integral dos equinos (Martins; Souza, 2022).

OS IMPACTOS FISIOLÓGICOS E COMPORTAMENTAIS DO ESTRESSE NESSES ANIMAIS

O estresse em cavalos atletas provoca alterações fisiológicas significativas que comprometem a homeostase e o desempenho físico desses animais. A ativação prolongada do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal leva à liberação excessiva de cortisol, hormônio diretamente associado à resposta ao estresse. Esse aumento hormonal, quando contínuo, afeta o sistema imunológico, reduzindo a resistência a infecções e retardando a recuperação muscular, além de impactar negativamente o metabolismo energético (Costa; Ribeiro, 2024). A resposta fisiológica ao estresse também se manifesta por alterações na frequência cardíaca, pressão arterial, sudorese e padrões respiratórios, sendo indicadores clássicos de desconforto e desequilíbrio neuroendócrino (Silva; Pereira, 2023).

Do ponto de vista comportamental, o estresse se reflete em atitudes anômalas como a prática de estereotipias, agressividade, hiperatividade ou apatia. Cavalos submetidos a dietas inadequadas, como as excessivamente peletizadas ou pobres em fibra, demonstram comportamentos como ingestão compulsiva, inquietação e aumento da frequência de movimentos repetitivos (Gonçalves; Costa, 2023). Além disso, a frustração alimentar e a limitação no tempo de pastejo contribuem para distúrbios de comportamento alimentar e social, prejudicando a interação com humanos e outros animais (Ferreira et al., 2022). Esses comportamentos indicam não apenas desconforto físico, mas um estado mental comprometido, o que reforça a necessidade de intervenções adequadas no manejo alimentar e ambiental.

As alterações metabólicas relacionadas ao estresse incluem a disfunção insulínica e o desenvolvimento da síndrome metabólica equina, condições que prejudicam a regulação da glicemia e aumentam a susceptibilidade a laminite e obesidade (Kim; Gomez, 2023). Dietas hipercalóricas e com baixo teor de fibras podem agravar essas condições, criando um ciclo vicioso entre o estresse fisiológico e as consequências metabólicas (Martins; Souza, 2022). Por outro lado, estudos têm demonstrado que o equilíbrio na composição lipídica da dieta, especialmente com o uso de gorduras benéficas como os ácidos graxos ômega-3, pode modular o comportamento emocional dos equinos e amenizar reações relacionadas ao estresse (Lee; Barker, 2024).

Com o aumento do interesse por práticas integrativas na medicina veterinária, abordagens como a acupuntura vêm sendo utilizadas como suporte terapêutico complementar na redução dos impactos fisiológicos e comportamentais do estresse. A acupuntura tem mostrado resultados positivos na regulação do sistema nervoso autônomo, promovendo relaxamento e bem-estar em cavalos submetidos a ambientes estressantes e rotinas intensas de treinamento (Smith; Wang, 2023). Tais intervenções reforçam a importância de estratégias multifatoriais que combinem manejo nutricional, práticas de bem-estar e terapias complementares para mitigar os efeitos adversos do estresse e garantir uma vida mais saudável e equilibrada aos equinos atletas.

PRÁTICAS TERAPÊUTICAS ALTERNATIVAS

A crescente preocupação com o bem-estar dos cavalos atletas têm impulsionado o uso de práticas terapêuticas alternativas como forma complementar ao manejo convencional. Essas terapias visam não apenas melhorar o desempenho esportivo, mas principalmente reduzir os níveis de estresse e ansiedade provocados por treinamentos intensivos, confinamento e estímulos ambientais adversos. Estratégias como a acupuntura, o uso de dietas personalizadas e a introdução de técnicas de relaxamento têm ganhado destaque na rotina de cuidados desses animais (Silva; Pereira, 2023).

Entre essas práticas, a acupuntura é uma das abordagens mais amplamente estudadas e aplicadas. Utilizada para equilibrar o fluxo de energia corporal e estimular pontos específicos relacionados ao sistema nervoso e endócrino, a acupuntura tem demonstrado efeitos positivos na regulação do estresse, melhora do humor e recuperação muscular dos equinos. De acordo com Smith e Wang (2023), revisões sistemáticas recentes apontam que a técnica contribui significativamente para a redução de comportamentos ansiosos, além de favorecer a melhora na resposta imunológica.

A nutrição também desempenha um papel essencial como prática terapêutica alternativa, uma vez que determinados componentes da dieta podem modular a resposta comportamental dos cavalos. Dietas ricas em fibras e com baixo índice glicêmico promovem maior tempo de mastigação e sensação de saciedade, reduzindo comportamentos estereotipados associados ao estresse alimentar (Ferreira et al., 2022; Gonçalves; Costa, 2023). A inclusão de gordura de boa qualidade na dieta, como os ácidos graxos essenciais, também pode exercer efeito positivo na estabilidade emocional dos equinos, conforme evidenciado por Lee e Barker (2024).

O ajuste na dieta, além de influenciar o comportamento, também pode prevenir ou controlar distúrbios metabólicos que exacerbam o estresse, como a síndrome metabólica equina. A manutenção da sensibilidade à insulina e a prevenção de picos glicêmicos são fatores determinantes na regulação hormonal e no equilíbrio comportamental (Kim; Gomez, 2023). Intervenções nutricionais terapêuticas, portanto, não apenas corrigem deficiências alimentares, mas também funcionam como medidas preventivas de distúrbios emocionais e fisiológicos associados ao manejo inadequado.

Além da acupuntura e da nutrição, outras abordagens como a musicoterapia, aromaterapia e terapia assistida por animais vêm sendo exploradas na medicina veterinária integrativa. Embora ainda careçam de evidências robustas, essas práticas têm mostrado efeitos promissores na promoção de estados de relaxamento e melhora da interação social em cavalos submetidos a ambientes estressantes (Silva; Pereira, 2023). Essas intervenções são particularmente eficazes quando associadas a um manejo que respeite os comportamentos naturais dos equinos, como o acesso à luz solar, movimento livre e interação com outros animais (Martins; Souza, 2022).

A implementação dessas práticas terapêuticas alternativas requer um planejamento integrado que envolva veterinários, tratadores e nutricionistas. A combinação de diferentes abordagens pode resultar em ganhos significativos na qualidade de vida dos cavalos atletas, desde que respeitadas suas individualidades fisiológicas e comportamentais (Costa; Ribeiro, 2024). Portanto, o futuro do bem-estar equino passa pela ampliação do uso de terapias complementares sustentadas por evidências científicas e pelo comprometimento com uma abordagem holística e humanizada no cuidado desses animais.

O EFEITO DA CONVIVÊNCIA COM OVINOS NO CONTEXTO DO BEM-ESTAR EQUINO

A convivência entre equinos e ovinos tem sido explorada como uma estratégia de manejo que visa promover o bem-estar animal por meio do enriquecimento ambiental e social. Cavalos, sendo animais sociais, beneficiam-se da interação com outras espécies, especialmente em situações onde o convívio com outros equinos é limitado. Estudos indicam que a presença de ovinos pode proporcionar estímulos comportamentais positivos, reduzindo sinais de estresse e promovendo um comportamento mais calmo e estável (Silva; Pereira, 2023).

No contexto alimentar, a coabitação com ovinos pode influenciar positivamente o comportamento ingestivo dos cavalos. Como os ovinos tendem a pastar constantemente em áreas distintas, os equinos acabam por diversificar seus locais de pastejo e prolongar o tempo de forrageamento, o que se alinha às suas necessidades fisiológicas naturais (Ferreira et al., 2022). Esse tipo de manejo promove maior bem-estar por estimular comportamentos naturais, como a busca ativa por alimento e o movimento constante, que são inibidos em sistemas de confinamento intensivo (Gonçalves; Costa, 2023).

A interação com os ovinos também pode reduzir a ocorrência de estereotipias e comportamentos associados ao isolamento social, como o andar compulsivo e a automutilação. A diversidade de estímulos sensoriais gerada pela presença de outra espécie pode atuar como um fator de distração benéfico, promovendo um ambiente mais dinâmico e menos monótono (Costa; Ribeiro, 2024). Essa convivência, além de favorecer o equilíbrio emocional, contribui para a modulação da resposta ao estresse, especialmente em cavalos submetidos a treinamentos rigorosos.

Do ponto de vista metabólico, o ambiente social enriquecido pode ter efeitos indiretos na estabilidade fisiológica dos equinos. O estresse crônico está intimamente relacionado à disfunção metabólica, como a síndrome metabólica equina e a resistência à insulina, que são agravadas por ambientes pobres em estímulos e interações (Kim; Gomez, 2023). A convivência com ovinos, ao favorecer o comportamento natural e reduzir o estresse, pode ser uma estratégia coadjuvante no controle desses distúrbios, especialmente quando associada a uma dieta equilibrada.

A alimentação, quando aliada a práticas de enriquecimento social, potencializa os efeitos positivos sobre o bem-estar equino. Dietas que respeitam o comportamento alimentar natural, aliadas à convivência com espécies que compartilham o ambiente de forma não competitiva, como os ovinos, favorecem a mastigação prolongada, a salivação adequada e a digestão eficiente (Lee; Barker, 2024). Tais práticas devem ser integradas ao manejo diário dos cavalos, respeitando suas necessidades fisiológicas e sociais (Martins; Souza, 2022).

A convivência com ovinos representa uma alternativa viável e eficaz dentro das estratégias de promoção do bem-estar equino, especialmente em propriedades que buscam métodos sustentáveis e integrativos. Quando bem manejada, essa interação pode contribuir para a redução do estresse, melhora do comportamento alimentar e prevenção de distúrbios metabólicos, resultando em animais mais saudáveis e equilibrados tanto física quanto emocionalmente (Smith; Wang, 2023). O manejo interespécies, portanto, deve ser considerado dentro das boas práticas de criação equina.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A criação intensiva de cavalos atletas, embora voltada à performance, impõe desafios consideráveis ao bem-estar desses animais, sobretudo em relação ao estresse e à ansiedade. Fatores como confinamento prolongado, dietas desbalanceadas, rotinas rígidas de treinamento e isolamento social contribuem para alterações comportamentais e fisiológicas prejudiciais. Como demonstrado ao longo da revisão, essas condições afetam negativamente não apenas a saúde física dos equinos, mas também sua estabilidade emocional, impactando diretamente o desempenho esportivo e a qualidade de vida.

A literatura revela que o estresse crônico pode desencadear distúrbios metabólicos, alterações no comportamento alimentar e desenvolvimento de estereotipias, sendo essencial o desenvolvimento de estratégias integrativas de manejo. Neste contexto, a introdução de práticas que respeitem os aspectos naturais da espécie, como socialização e acesso ao pasto, é crucial para mitigar os efeitos adversos dos sistemas intensivos. A modulação do ambiente, por meio da alimentação adequada e enriquecimento social, torna-se um dos pilares para promover o bem-estar animal.

Dentre as abordagens alternativas estudadas, a convivência com ovinos surge como uma prática inovadora e promissora. A presença desses animais em baias ou piquetes compartilhados com cavalos têm demonstrado efeitos positivos, como redução do estresse, maior estímulo comportamental, modulação emocional e equilíbrio fisiológico. Tal interação interespécies promove um ambiente mais dinâmico, que favorece a expressão de comportamentos naturais e melhora a relação dos cavalos com o meio, especialmente quando associada a práticas alimentares e de manejo adequadas.

Conclui-se, portanto, que a convivência com ovinos terapeutas pode ser uma estratégia eficaz e complementar dentro dos programas de bem-estar voltados a cavalos atletas. Mais do que uma solução pontual, trata-se de uma proposta integrativa, que valoriza o comportamento social e a saúde global dos equinos. Estudos adicionais são necessários para quantificar seus efeitos em diferentes realidades de criação, mas os dados disponíveis já reforçam seu potencial como ferramenta sustentável e viável dentro da medicina veterinária preventiva e do manejo racional de animais de alto desempenho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, E. M.; RIBEIRO, T. A. Fisiologia nutricional equina: da teoria à prática. Porto Alegre: MedVet Press, 2024.

FERREIRA, D. L. Et al. Comportamento alimentar de equinos submetidos a dietas diferenciadas e seu impacto no bem-estar. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 52, e20225218, 2022.

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KIM, S. H.; GOMEZ, D. E. Advances in understanding insulin dysregulation and metabolic syndrome in horses. Veterinary Clinics of North America: Equine Practice, v. 41, n. 1, p. 79–94, 2023.

LEE, J. H.; BARKER, K. Dietary fat and its influence on stress-related behavior in equines. Applied Animal Behaviour Science, v. 256, p. 105–112, 2024.

MARTINS, J. P.; SOUZA, A. C. Manejo e alimentação de equinos no Brasil: práticas atualizadas. 2. ed. São Paulo: Roca, 2022.

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SMITH, L. J.; WANG, Y. Current perspectives on the use of acupuncture in veterinary medicine: an updated systematic review. Journal of Veterinary Integrative Medicine, v. 43, n. 2, p. 215–227, 2023.

Souza, Maxwel Claudino de. Redução do estresse e ansiedade em cavalos atletas criados em ambiente intensivo com a presença de ovinos terapeutas.International Integralize Scientific. v 5, n 47, Maio/2025 ISSN/3085-654X

Referencias

BAILEY, C. J.; LEE, J. H.
Management of chlamydial infections: A comprehensive review.
Clinical infectious diseases.
v. 67
n. 7
p. 1208-1216,
2021.
Disponível em: https://academic.oup.com/cid/article/67/7/1208/6141108.
Acesso em: 2024-09-03.

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